O Brasil é realmente um País sui generis, pois enquanto o mundo inteiro vem tomando posições radicais em relação ao novo coronavírus, aqui há uma movimentação para que tudo volte a funcionar em sua plenitude como se nada estivesse acontecendo.
Hoje, aproximadamente três bilhões de pessoas (⅓ da população mundial) estão em isolamento social. Da Itália ao Reino Unido, da Espanha aos Estados Unidos, grandes potências mundiais que hão declarado a quarentena como forma de controle para não provocar um caos no sistema de saúde.
No Brasil, a situação é distinta. Nosso Presidente, juntamente com alguns empresários, temendo a crise econômica e visível recessão, querem o regresso à vida normal dos cidadãos. Entretanto, existem algumas outras autoridades que estão adotando medidas sábias e equilibradas para que as pessoas permaneçam em suas casas e que, mesmo assim, a população não fique desabastecida e a indústria não pare sua produção, afinal, todos precisamos sobreviver mesmo que tenhamos que respeitar os nossos limites.
O que não podemos de momento é escancarar de vez as nossas portas e sairmos das nossas casas, pois provocar aglomerações é simplesmente uma ameaça ao genocídio de nossa gente.
Outro fato que não nos convence, é a inércia da maioria das autoridades brasileiras em ainda persistir com eleições para este ano. Sem falsa modéstia, tratar de um tema deste diante das circunstância que estamos passando, é uma hipocrisia, pois o nosso País, que já vinha em uma situação de penúria com cerca de 12 milhões de desempregados, agora enfrenta mais uma crise sem precedentes.
Como se não bastasse todo esse tormento provocado pela COVID-19, ainda vem os Tribunais Eleitorais com avisos nas mídias chamando atenção de eleitores e possíveis candidatos de que o prazo de transferências domiciliares ou de filiações está se inspirando, indo totalmente de encontro ao que passa a sociedade brasileira.
Parece que essas autoridades que desfrutam de grande mordomias residem em outros planetas, pois aqui na Terra o povo está gemendo tentando salvar suas vidas, onde muitas famílias já estão sofrendo a dor pelas perdas dos seus entes queridos. Será que as nossas autoridades ainda não compreenderam que o Brasil está quebrado e a tendência é piorar, pois além de não existir a circulação de dinheiro no mercado, o governo ainda terá que desembolsar R$ 40 Bilhões de reais para ajudar as empresas a manter seus funcionários por dois meses e mais R$ 600,00 reais a trabalhadores autônomos, o que tem um significado muito forte, de acordo com a opinião da maioria dos economistas brasileiros.
O ano de 2020 está perdido em todos os aspectos, seja ele econômico, social e político é o que dizem os principais economistas brasileiros, e mais, com uma tendência de piora já que os números apresentados por pesquisadores da saúde, o Brasil poderá chegar a 400 mil infectados com seu pico de ocorrência entre os meses de junho e julho.
Diante de todo este caos social em que estamos assolados, falar em eleição é ou não uma afronta à sociedade brasileira que está sofrendo suas agruras? Quem viu a declaração do empresário Emerson Capaz na TV Cultura, viu a opinião sensata de quem disse que o Fundo Partidário e Eleitoral (2 bilhões) deveria ser destinado para socorrer a população brasileira, a qual em sua maioria poderá morrer de fome. E olhe que o orçamento eleitoral no Brasil para este ano está em torno de R$ 5 bilhões.
Gente, as Olimpíadas que é um dos maiores eventos mundiais foi adiada. Será que o pensamento daquelas autoridades é retrógrado? Qual o motivo para tanta resistência por partes destas autoridades em querer procrastinar essa decisão, principalmente, o Presidente da Câmara Federal Rodrigo Maia? Qual o prejuízo que teria a nação em adiar as eleições? E não é só pelo gasto econômico. São as aglomerações, são as visitas na casa do eleitorado, os comícios. Quem já se viu fazer política sem visitar e entender a verdadeira necessidade do eleitor? E o eleitor? Como vai se descolocar de onde está para votar na sua terra natal? E o prazo do Tribunal? É quarentena ou vida normal? São perguntas que deveriam sondar a vida de muitos políticos brasileiros, sobretudo àqueles que estão em hierarquia de decisão.
Por fim, só esperamos que os nossos congressistas que se dizem representante do povo reflitam sobre o momento em que passa a nação brasileira e analisem o que estão dizendo os grandes economistas e técnicos de saúde do Brasil e do mundo; que façam de imediato sua parte, doando não só o fundo partidário como também todo orçamento que seria destinados aos Tribunais Eleitorais, aos Estados e Municípios brasileiros para que possam adquirir materiais e contratar mais profissionais da saúde. Nesse momento, o Brasil precisa de novos respiradores e leitos para os hospitais, como também socorrer as empresas, os microempresários, vendedor autônomos e famílias carentes com cestas básicas, durante os próximos meses.
O Brasil tem que estar sempre acima de questões políticas. Eleições agora significará uma catástrofe do povo brasileiro, que sequer pode sair de casa. O momento é de empatia.
Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Gildo Araújo