Em um tom pouco habitual, a Band está divulgando desde a noite de sexta-feira (20) em diferentes programas jornalísticos na TV e no rádio um duro editorial contra o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (sem partido).
O primeiro foi chamado de “chanceler idiotizado” e de “idiota” e o segundo de “deputado irresponsável” pelo papel que estão desempenhando numa crise diplomática criada com a China.
A situação teve início quando o filho do presidente Jair Bolsonaro fez uma postagem em suas redes sociais acusando – sem provas – o país asiático de ter omitido informações sobre o novo coronavírus. Após a dura reação da embaixada chinesa, que chamou de “extremamente irresponsáveis” as palavras do deputado, Araújo disse que a China tinha que pedir desculpas ao Brasil.
“O lamentável chanceler realiza essa proeza de inverter seu papel em uma demonstração clara de que é incapaz de responder pelo cargo que lhe deram. Exigir, como ele exigiu, que o embaixador chinês se retratasse depois de reagir ao destempero do deputado, é uma atitude descabida que prova a inconsciência de um diplomata despreparado”, criticou a Band.
O editorial, aparentemente, sinaliza uma mudança no humor da Band em relação ao governo.
O último editorial da emissora, antes desse, divulgado em maio de 2019, declarou apoio entusiasmado ao decreto do presidente Jair Bolsonaro que ampliou o direito ao porte de armas no país. “O cidadão honesto exigiu o direito de ter a sua arma”, afirmou a emissora na ocasião.
A enorme repercussão do mais recente editorial trouxe à lembrança o acordo de cooperação firmado em novembro do ano passado entre a Band e o China Media Group. Não se trata, porém, de um negócio, mas de uma parceria que envolve apenas troca de conteúdos entre as duas empresas, sem envolver dinheiro ou participação acionária.
Para entender o contexto das críticas atuais e dos elogios passados da Band ao governo talvez seja mais útil lembrar que a família Saad, proprietária da emissora, mantém negócios no setor de agropecuária.
Fonte: UOL
Créditos: UOL