“Aos nossos avós pediram para irem à guerra. Aos seus netos pedem-lhes para que fiquem no sofá. Tenham noção”.
A frase acima viralizou na Europa, assumindo um tom de desabafo e decepção com os jovens e a maneira egoísta como muitos deles estão lidando com as restrições decorrentes do avanço do covid-19.
Por lá, a garotada reclamou de não poder ir a baladas, circular e dispor de suas vidas normalmente. Era como se dissessem: nós não vamos ficar doentes, essa doença só mata velhos, não há por que sermos punidos por isso. Punição, no caso, é a quarentena imposta em seus países. Ficar no sofá.
Isso foi percebido, inclusive por comentaristas políticos de TV, como manifestação de arrogância vinda de uma geração historicamente privilegiada, que já nasceu na era digital, protegida por tecnologias e confortos inéditos na trajetória da humanidade.
Embutido nessa postura frívola e mimada, acentua-se algo ainda mais grave: o desprezo pelos idosos, os mais frágeis e “descartáveis” nesse momento crítico em que a seleção natural decreta a lei do mais forte.
No Brasil, ainda não é possível medir a reação da parcela mais jovial e saudável da sociedade, a que se encontra fora dos grupos de risco. A julgar pelas praias e bares lotados deste domingo, 15, a ficha ainda não caiu.
Falta explicar para essa gente com boa imunidade e saúde sob controle que, de fato, não vão sofrer com os sintomas da doença. Mas podem vir a ser transmissores.
Sempre cabe algum aprendizado. Em plena ascensão planetária da irracionalidade fascista, a pandemia talvez tenha sido a forma generosa que a natureza encontrou de dizer à humanidade que só sobreviveremos irmanados na inteligência coletiva.
Fonte: R7
Créditos: R7