Não podemos generalizar, mas muita gente da nova classe média brasileira se acha incluída no mundo dos ricos. E por isso mesmo vive a menosprezar o pobre, mas invejando os afortunados. Seus integrantes são vorazes consumidores, porque precisam ser vistos como pessoas que se distinguem das camadas sociais menos favorecidas. Há uma necessidade de guardar as aparências, ainda que a custo de sacrifícios.
Todo mundo deseja melhorar seu padrão de vida. No entanto, existem os que querem alcançar isso de qualquer forma. Nessa ambição desmedida, desconsideram-se princípios básicos de solidariedade humana, justiça social, equidade. Arvorando-se participantes de uma casta beneficiada por privilégios que não admite perdê-los, não se envergonham em aderir ao ideário dos poderosos, em detrimento dos que estão na base da pirâmide social.
Têm se engajado na defesa das políticas que subtraem direitos e conquistas sociais adquiridas com muita luta. Nem percebem que estão contribuindo para o próprio sacrifício. Assumem com ardor a posição de tropa de choque dos endinheirados. E nesse entusiasmo classificam os que consideram pobres, como ignorantes e sem instrução. Pelo menos foi assim que um jovem amigo, dessa iludida “classe média”, identificou os que não compartilham com suas opiniões políticas. Deve ser porque são majoritariamente “brancos”, com renda superior à média brasileira e escolarizados. Quem não estiver nesse quadro é burro ou esquerdista/comunista.
É uma minoria esnobe, conservadora, liberal de direita. Ventríloquos da ideologia das elites dominantes. No “instinto” de autopreservação lançam-se no ataque a tudo o que se possa compreender como políticas de inclusão social, na desesperada intenção de se afastarem dos que estão na margem de pobreza.
Estando a sociedade cada vez mais polarizada entre os ricos e a população empobrecida, eles procuram defender espaço no lado dos privilegiados. Não percebem que estão sendo usados como “massa de manobra” para que se estabeleça a falsa impressão de que o “socialismo” é prática de assistencialismo irresponsável. Ignoram que a busca de benefícios sociais e igualdade é exercício de cidadania que deva ser garantida a todos, indiscriminadamente.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba