Luto

O ADEUS DE UM ÍDOLO: Morre em Campina Grande, craque do futebol paraibano, Carlos César

 

Faleceu na manhã desta segunda-feira (09), na cidade de Campina Grande, Carlos César, um dos maiores craques do futebol paraibano.

Carlos iniciou sua carreira no Cristóvão de Pombal e durante sua vida atuou em diversos times, como Treze, Campinense, Náutico de Recife, Atlético, Nacional de Patos. entre outros.

O sepultamento acontece hoje, às 16 horas na cidade de Esperança.

Nas redes sociais, os amigos já prestam homenagem. Confira:

Nota de falecimento.

“Hoje outros craques repetem as suas jogadas”

Faleceu um dos maiores jogadores que vi atuar no futebol paraibano.
Carlos César, que atuou no Campinense, Treze , Náutico, América de Esperança e no glorioso São Thomé E.C. (Sumé-PB).
Sua elegância em campo era uma aula de estética.

O perfil de um dos maiores jogadores paraibanos que, felizmente, atuou também pelo S.Thomé E.C. (Sumé-PB).

CARLOS CÉSAR: O MAIOR ÍDOLO DO FUTEBOL POMBALENSE!
Maciel Gonzaga (Foto)

POR MACIEL GONZAGA*
Nenhum outro esporte conseguiu influenciar tanto a cultura do povo brasileiro quanto o futebol. Alguém já disse com muita propriedade que o futebol está presente na linguagem do cinema, da música, do teatro, da dança, do rádio, da televisão, da literatura clássica, da prosa e tudo mais. É a paixão nacional.
Na década de 50 e início da década de 60, a nossa Pombal viveu um apogeu em termos de futebol, com o São Cristóvão Futebol Clube, sob o comando de Eurivo Donato (Mixuruca) e “Cabina” do Bar. Tivemos memoráveis partidas contra equipes de Caicó, Currais Novos, Parelhas, Souza, Itaporanga, Piancó, Catolé do Rocha, Antenor Navarro, entre outros municípios do Alto Sertão da Paraíba. A nossa hegemonia era clara e evidente. Não perdíamos para ninguém jogando em casa, graças a força de atletas como Nego Aderson (goleiro), Zaqueu, Perequeté, Chico Sales, João Rapadura, Tuzinho e, o maior de todos eles, Carlos César, entre outros.
Carlos César, um verdadeiro camisa 10, o que, aliás, está faltando hoje no futebol brasileiro. Ainda menino já dava sinais de que seria um grande jogador por ter intimidade com a bola e saber fazer gols. No São Cristóvão, ganhou o apelido, dado por Eurivo Donato, de “Meu César”. Por que? Simplesmente porque quando ele fazia uma de suas jogadas geniais e complementava-a com o gol, o seu velho pai, Severino Pedro, que tinha uma mercaria na Rua do Comércio, comemorava abraçando-se a torcedores e amigos aos gritos: “Foi meu César… Foi meu César”. O nome pegou e, me parece, Carlos César não gostava muito.
Na segunda metade da década de 60, foi embora para jogar no Esporte de Patos, que disputava o Campeonato Paraibano. Jogou somente uma temporada e, no ano seguinte, já estava no Campinense Clube que, à época, era a maior força do futebol do Estado. No final dos anos 60, eu fui morar em Campina Grande e, por força do destino, no bairro de São José – o bairro onde fica o campo do Treze. Novato na cidade grande, sem conhecer praticamente nada na terra da Borborema, ouço um carro de som anunciar a realização de um jogo amistoso entre Treze x Campinense, no Estádio Presidente Vargas, distante poucos metros da casa de uma tia, onde eu morava. Não perdi tempo, lá estava. Queria rever “Meu César”. Quando a Raposa entrou em campo, fiquei no alambrado gritando: “Meu César…Meu César…”. Ele notou que seria alguém de Pombal, olhou e me viu. Veio até o local, me cumprimentou e perguntou o que eu estava fazendo ali. Respondi que agora morava em Campina, onde tinha vindo estudar. Segurando a minha mão, disse: “Tudo bem, qualquer coisa pode me procurar”. Aquelas palavras me comoveram muito e, a partir daquele momento, eu tomei logo uma decisão: seria um “raposeiro” (como é conhecido o torcedor do Campinense).
E fui, sim, um raposeiro apaixonado durante todo o tempo em que morei na Rainha da Borborema, até mesmo sem nenhuma vergonha de dizer através da Rádio onde trabalhava que só comecei a torcer pelo Campinense por causa de Carlos César. Trabalhando no rádio e em jornais, no setor esportivo, sempre abri espaço para Carlos César. Éramos amigos! Quando nos encontrávamos, a conversa era sempre sobre as coisas de Pombal, a nossa querida terra, a festa do Rosário, o rio Piancó e, como não podia deixar de ser, o São Cristóvão.
Carlos César era um jogador fenomenal, elegante com a bola no pé. Um verdadeiro maestro, que comandava o seu time dentro de campo. Contava-me um amigo de nome “Joca Pincel”, que morava no bairro de José Pinheiro, onde fica o Estádio Plínio Lemos – antiga casa do Campinense – que, após os treinamentos diários, o técnico Joaquim Felizardo (já falecido) colocava uma garrafa em cima do travessão (que era de madeira e ainda quadrado) para os jogadores tentarem acertar com a bola. O nosso pombalense acertava quase todas as tentativas e, com isso, aprendeu a cobrar faltas com maestria, fez muitos gols e deu muitas alegrias à torcida raposeira.
Nos anos 70, Carlos César foi vendido ao Clube Náutico Capibaribe, de Recife. Lá, também se destacou. Depois, retornou ao Treze Futebol Clube. Como havia se casado com uma jovem da cidade de Esperança, distante 20 KM de Campina Grande, já em fim de carreira, foi jogar no time local, que disputava o Campeonato Estadual. Era a sensação! Ouvi muitas vezes o comentarista esportivo Humberto de Campos (meu amigo pessoal), que já não está mais entre nós, dizer: “Carlos César, sozinho, joga mais do que todo o time adversário”. Podia ser Treze, Campinense ou qualquer outra equipe. A última vez que o vi, já não jogava mais futebol e trabalhava em um supermercado na cidade de Esperança que, me parece, seria dos familiares de sua esposa.
Carlos César foi o maior ídolo do futebol de Pombal. Com a bola nos pés, ele não deixava nada a dever a craques como Roberto Revelino, Paulo César Cajú e outros da sua época. Para mim, o filho de Severino Pedro foi um dos melhores jogadores de futebol que eu vi jogar. Meu querido Carlos César, onde você estiver, receba os meus cumprimentos e a minha admiração, que será sempre eterna.

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba