O brasileiro está cada vez mais atônito com o nível de violência que cresce assustadoramente. Estamos vivendo, por conta disso, uma angústia existencial. Somos levados a uma situação que contraria a importância das relações sociais, como se estivéssemos obrigados a empreender a luta de cada um contra todos, o “salve-se quem puder”.
O caos é a ausência de ordem e de regras. Lamentavelmente é isso que experimentamos atualmente. O Estado perdendo o seu papel de responsável pelo controle social. A corrupção endêmica contribuindo para que desacreditemos na representação política. A democracia sofrendo, em consequência, um desgaste que provoca em cada um a sensação de que estamos desprotegidos e sem capacidade de reagirmos contra as ameaças que os poderosos fazem sobre os mais humildes. O povo vendo seus direitos humanos fundamentais serem violentados, ferindo a dignidade enquanto no exercício da cidadania. Instala-se a desagregação social.
Estabelece-se um preocupante ambiente de conflito, um clima de confronto social, a insegurança fazendo o medo se apoderar de nossos sentimentos. O estado de violência dominando o nosso cotidiano. A pobreza e a miséria de parte da população crescendo aceleradamente, agravando o problema da marginalidade e da exclusão social.
É natural que nos sintamos confusos nessa desordem, buscando na escuridão conjuntural a “luz no final do túnel”. Embora enxerguemos muita verdade na afirmação de que “no caos ninguém é cidadão”, contida na canção “O Calibre” do grupo Paralamas de Sucesso, devemos também levar em conta uma outra declaração que diz : “o medo do caos atrai mais caos”. Daí a necessidade de não nos rendermos ao caos. Concluo essa reflexão com um pensamento de Nitzche: “é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante”.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão