O líder comunitário da Rocinha Paulo César Martins, conhecido como Amendoim, morreu aos 59 anos na noite desta quinta-feira (13) no Rio de Janeiro. Ex-participante da primeira edição de “No Limite”, primeiro reality show da Rede Globo que estreou em julho de 2000, ele estava internado em um hospital da Capital Fluminense. Paciente renal crônico, Amendoim não respondia bem ao tratamento de hemodiálise. Ele também lutou durante anos contra a diabetes.
Há duas semanas, Paulo César perdeu a mulher, Leila Nascimento, que passou por complicações decorrentes de uma cirurgia, teve trombose e precisou ter os quatro membros amputados. A família ainda não informou sobre o local e nem horário do velório e o sepultamento.
– Ele era meu padrinho, me tinha como filho. Era um paixão não só para mim como para muitas pessoas. Perdeu a esposa há quase 20 dias e eles tinham um amor lindo. A luta dele era para não morrer antes dela, para que ela não viesse a sofrer com a perda dele. Mas ela faleceu e ele não suportou, não continuou a luta pela vida – diz William de Oliveira, líder comunitário da Rocinha e presidente da Associação de Moradores.
Muito querido na comunidade onde sempre morou, Paulo César Vieira desenvolvia suas atividades na localidade, mas era muito mais requisitado para fazer palestras para crianças sobre racismo por causa da discussão entre ele e Marcus, outro participante do reality show “No Limite”, que foi ao ar durante exibição do programa. Ele também já foi candidato a vereador.
– Nós perdemos uma pessoa incrível, que conhecia a nossa realidade. Ele foi presidente da Associação de Moradores. Era meu padrinho, foi meu professor de inglês e falava sete idiomas. Foi atleta, lutava contra o racismo, nunca foi envolvido com nada, era uma pessoa exemplar para todos. Era uma pessoa com uma história linda. Vou sentir muito a falta dele – disse William.
Paulo Martins era membro da União de Negras e Negros pela Igualdade do Estado do Rio de Janeiro (Unegro), tendo fundado o primeiro núcleo da insitituição dentro de uma favela, formando novas lideranças e chegando a ser diretor estadual da regional.
Veja a nota na íntegra da Unegro/Rocinha:
“Paulo Cesar Martins Vieira ou simplesmente Amendoim. Morador da #Rocinha há 59 anos e com muita história pra contar, compartilhou que sonhou ser alguém e hoje estar formado em 5 universidades, poliglota fluente em 8 idiomas.
Amendoim fala mais sobre racismo depois de “No Limite”. Em entrevista a folha, concorrente a ser eliminado do programa “No Limite”, da Globo, o líder comunitário Paulo César Vieira, o Amendoim, continua desenvolvendo suas atividades na favela da Rocinha, no Rio, onde mora. No entanto, agora Amendoim é muito mais requisitado para fazer palestras para crianças sobre racismo por causa da discussão entre ele e Marcus, que foi ao ar durante exibição do programa.
Amendoim atuou na sua amada Rocinha, sendo dirigente da associação de moradores um dois idealizadores do Fórum de Turismo da Rocinha e algumas estratégias foram sugeridas para alavancar o turismo na comunidade, dentre elas: mais interação do turista com a comunidade, diferentes roteiros e uma rede de hospedagem, criação e produção de material específico para a promoção e divulgação do produto turístico Rocinha, capacitação de jovens da comunidade para atuarem como monitores de visitantes e realização de palestras de sensibilização para a comunidade. Paulo Cesar Martins – “Amendoim da Rocinha” (UNEGRO/ROCINHA);
Dentro da UNEGRO RJ, foi dirigente estadual de esportes, era filiado ao PC do B. Amendoim foi nosso primeiro diretor da UNEGRO/RJ- COMUNIDADE, tendo fundado o primeiro núcleo da UNEGRO dentro de uma favela, no caso a rocinha grande ativista exercendo seu cargo até o último momento, formando novas lideranças e diretor estadual da UNEGRO RJ.
Amendoim, estava há alguns anos doente, diabético, fazia hemodiálise e foi chamado pro orum depois de uma vida de uma batalha vem lutada deixando como legado sua vida, pois dublou todas as estatísticas deterministas da sociedade racista…
Os carinhos e respeito de tod@s da unegro espaço que Amendoim fez história ,reconhecido pelas entidades do movimento negro, foi diversas vezes premiado de registramos aqui o nosso pesar e conforto aos filhos e netos na luta por um pais, estado e cidade justa para tod@s, os sorrisos que compartilhamos, aos mãos que deram e o amor que nutriram é a receita da força em um momento de luto. Nunca esqueceremos disso em memória e honra daqueles que deixaram sua marca.
Em nossas vidas, a mudança é inevitável. A perda é inevitável. A felicidade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo de ruim.(Buda)
Amendoim vive em nós agora e sempre!”
Fonte: Extra
Créditos: Extra