Quem sabe faz a hora. E o destino

Gilvan Freire

Geraldo Vandré já havia ensinado, em tempos de chumbo da ditadura militar, que não se espera que as coisas aconteçam. O povo que quer construir seu destino, faz a própria hora.

A sociedade tem o tamanho e o destino que quer. Nenhum povo na história do mundo esteve impossibilitado de construir a sua sorte e o seu futuro. Os que quiseram mudar, mudaram, mesmo em meio a guerras e tragédias. Pagaram o preço, mas mudaram.

Mas quando o povo perde a chance de mudar, é porque não foi capaz de mudar, não se encorajou para realizar as mudanças. Até para não mudar, há preços. Afinal, qual é o preço que cada cidadão tem que pagar para promover as mudanças que pode fazer e deve fazer?

A Primavera Árabe, rebelião do povo oriental contra os regimes tirânicos que se perpetuavam na Ásia, é o mais novo fenômeno da História Contemporânea, com capacidade de influenciar os povos da Terra em qualquer lugar do mundo. Mas as diferenças residem na coragem – o atributo de afirmação dos homens que os capacita a exercer seu poder coletivo sobre os mandos individuais.

Não, não vivemos nenhuma situação de anormalidade extremamente grave que nos exija, na Paraíba, uma reação coletiva em defesa de uma sociedade asfixiada e impedida de manifestar as liberdades públicas e as individuais. Ainda não. A tirania só é ameaçadora quando cria suas próprias leis e seu sistema de força – a força pública estatal, organizada e financiada pelo Erário para reprimir e oprimir. Não é o caso.

O que há na PB é um líder governamental de temperamento despótico e personalidade assombrosa, capaz de cooptar homens dentro das instituições, mas impotente para acabar com as instituições, porque não pode mudar o regime democrático do país.

O que é que esse líder tem de poder extraordinário para submeter o povo a um regime de servidão? Nada. A não ser a tolerância do povo, ou o medo do povo de ser soberano. E de ser feliz.

RC é um coronel rural sem jagunços e um general urbano sem tropas. Ele faz o mal que quer sozinho. Só os que se locupletam da arma mais ofensiva de RC – o dinheiro público – estão ao lado dele nessa vasta obra de desatinos. Assim mesmo, pegam na arma mas não vestem a farda que é símbolo ostensivo de engajamento: disfarçam.

Numa sociedade, ameaçada onde os homens ainda são livres é a população que forma o exército mais temerário, mais poderoso e mais triunfador. E a sua arma mais devastadora é o voto. Mas o voto não é apenas uma arma, é a hora do povo.