Apesar de ter sido tratada como “não oficial” pelo MEC (Ministério da Educação), a lista publicada hoje mais cedo com aprovados em medicina na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) traz os mesmos nomes que constam da divulgação oficial de aprovados no Sisu, disponibilizada após liberação judicial às 18h30.
A reportagem do UOL comparou as duas relações e identificou os mesmos 80 nomes em ambas, na mesma ordem de classificação.
A conferência das listas indica mais um erro do MEC nesta temporada de Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e Sisu — sistema de seleção de candidatos para instituições públicas de ensino superior.
Hoje de manhã, a divulgação dos resultados estava suspensa por ordem do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo). A decisão do TRF foi suspensa pelo STJ apenas na tarde de hoje. Ou seja, a lista do MEC não poderia estar no ar hoje de manhã.
A reportagem questionou a pasta sobre a lista que ficou no ar durante alguns minutos, violando a proibição judicial. Mas recebeu uma nota que falava da liberação dos resultados do Sisu e da prorrogação das inscrições do Prouni, sem comentar sobre a publicação indevida.
Pela manhã, o MEC havia informado à reportagem que as listas do Sisu puderam ser visualizadas “por alguns minutos”, mas “não representavam o resultado oficial”. “Em razão de decisão judicial, a divulgação do resultado final continua suspensa”, disse o ministério. A pasta não respondeu com clareza se houve falha no sistema ou vazamentos de outros dados.
Lista apareceu nas redes sociais
Além da lista da UFPE, nas redes sociais, candidatos relataram ter acessado a relação de convocados para outras universidades, como a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Pelas imagens, não foi possível comprovar se as listas são dos cursos citados. Os prints, no entanto, eram do novo sistema do Sisu, inaugurado neste ano.
A Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e a UNE (União Nacional dos Estudantes) afirmaram que irão acionar a Justiça contra o MEC, já que o resultado não poderia ter sido divulgado hoje.
Erros no Enem
O erro se soma a outro ocorrido há algumas semanas, com o Enem.
A Justiça Federal decretou a suspensão do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) após a Defensoria Pública da União acionar a Justiça Federal de São Paulo após o MEC (Ministério da Educação) admitir ter divulgado parte das notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2019 com erros.
Após uma série de reclamações dos candidatos que fizeram o Enem, o MEC admitiu ter divulgado parte das notas com erros. Os resultados haviam sido liberados um dia antes, quando o ministro Abraham Weintraub disse ter realizado “o melhor Enem de todos os tempos”.
Segundo o ministério, o erro aconteceu devido a um problema na gráfica responsável pela impressão do Enem: por isso, gabaritos de uma cor teriam sido lidos como se fossem de outra. O MEC informou que o erro havia atingido 5.974 candidatos e disse que todos os problemas haviam sido corrigidos —cerca de 4 milhões de candidatos fizeram as provas.
Uma série de ações judiciais foi protocolada na Justiça por candidatos que questionavam suas notas no exame mesmo após a revisão dos resultados. Nesse meio tempo, o MPF (Ministério Público Federal) recomendou ao MEC a suspensão do Sisu, mas o sistema continuou funcionando normalmente.
Na última sexta (24), a Justiça Federal de São Paulo acatou um pedido da DPU (Defensoria Pública da União) e determinou a suspensão da divulgação dos resultados do programa, cujas inscrições foram encerradas no domingo (26). A AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu, e a divulgação foi liberada hoje.
O MEC afirmou ter corrigido todas as notas.
Fonte: Uol
Créditos: Uol