A prefeita do Conde, no Litoral Sul da Paraíba, Márcia Lucena (PSB) ficou presa por dois dias no presídio feminino “Maria Júlia Maranhão” como implicada na Operação Calvário que trata do desvio de recursos na Saúde e na Educação. Solta concomitantemente com o ex-governador Ricardo Coutinho, que cumpriu um dia de prisão e é apontado pelo Ministério Público como chefe de uma organização criminosa, Márcia ganhou mobilização em forma de vigília em frente ao presídio, que contou com a participação de familiares. Da cela, expediu um bilhete aos manifestantes agradecendo a solidariedade, protestando inocência e garantindo que tudo se explicaria.
Márcia Lucena reassumiu o comando da prefeitura do Conde – que passou a ser uma espécie de trincheira dos socialistas apeados do poder estadual na administração João Azevêdo, rompida com Ricardo Coutinho, o grande cabo eleitoral da campanha de 2018 que o colocou no poder. Apesar das limitações orçamentárias do município do Conde – que possui atrativos turísticos renomados, como Tambaba, uma das primeiras praias de nudismo do país – a prefeitura tem importância estratégica por estar situada no contexto da região metropolitana de João Pessoa. Além do mais, Márcia Lucena executa programação cultural e turística que projeta o município do Conde na própria mídia nacional, revelando-se, nesse aspecto, uma gestora dinâmica e proativa, na opinião de artistas recrutados para apresentações e desenvolvimento de projetos de impacto na cidade.
Filha do ex-pró-reitor da Universidade Federal da Paraíba Iveraldo Lucena, que chegou a fazer um pronunciamento emocionado quando da prisão de Márcia, qualificando-a de injustiça inominável e alardeando a inocência da filha, a prefeita ainda não ofereceu à opinião pública os esclarecimentos necessários que, como prometeu, sobre sua participação ou não em esquemas irregulares associados à Operação Calvário, deflagrada em conjunto com o Gaeco pelo Ministério Público. O PSB detém o controle de prefeituras em outras cidades da Paraíba, mas a do Conde é encarada pelos dirigentes estaduais como uma espécie de vitrine para propagandear, inclusive, o modelo de gestão, mesmo que adversários, em tom de ironia, avaliem que a Era Márcia passou a se constituir em “ponto fora da curva” na trajetória da agremiação.
Em João Pessoa, enquanto isso, líderes petistas que planejavam apoiar decididamente a candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho à sucessão do prefeito Luciano Cartaxo (PV) já estão se desmotivando dessa possibilidade, por avaliar como incógnita a situação dele em meio ao cipoal de processos resultantes da Operação Calvário. A orientação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é no sentido de que o PT viabilize o lançamento de candidaturas próprias na maioria das Capitais, principalmente do Nordeste, e em cidades médias, partindo para composições apenas em casos extremos. Na Capital paraibana, porém, há carência de quadros competitivos nas fileiras petistas para encabeçar chapas majoritárias, o que coloca o partido na defensiva e em posição de expectativa dos desdobramentos do processo político local.
Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes