A data especial passou a ser comemorada em 1987, após clubes de amantes do veículo se reunirem com a Volkswagen. O carro chegou ao Brasil em 1950 com 30 modelos importados e, depois de três anos, passou a ser montado no país com peças vindas do exterior. Sua fabricação nacional começou apenas em 1959, em São Paulo.
Um dos maiores entusiastas do fusquinha, Alexander Gromow, participou da criação da data no Brasil e do Dia Mundial do Fusca na Alemanha, seu país de origem. Ex-presidente do Fusca Clube do Brasil, autor dos livros “Eu amo Fusca” e “Eu amo Fusca II”, afirma que é complexo explicar o porquê dos fuscas maníacos — ele incluso — gostarem do veículo:
— Não sei se precisa de explicação. Basta ver o resultado. Costumo dizer que por onde passou, onde foi vendido, trouxe progresso, alegria e uma quantidade de amantes. É um fenômeno mundial — ressalta.
Gromow comemora que, mesmo após parar de ser produzido em 2003 no México e em 1996 no Brasil, até o ano passado, o modelo ainda era o carro usado mais vendido no País.
— Agora é mais raro de ver na rua, mas ainda tem. O interessante é que jovens que não são dessa época ainda gostam e compram. É impressionante. Dificilmente o Fusca será retomado, porém, tem que ser respeitado — exclama.
A história é passada de geração em geração. Analista de redes, Alex Gomes Barbosa, de 32 anos, cresceu vendo o amor do pai por seu fusquinha marrom, comprado em 1974. O carro passou por momentos importantes da família, acompanhando o namoro dos pais de Barbosa, casamento e a infância dos dois filhos.
— Este carro foi o que levou minha irmã na igreja em seu casamento e nós aprendemos a dirigir nele — relembra.
Mesmo com um outro automóvel na garagem desde 2013, os passeios sempre eram de Fusca. O caminho, no entanto, foi interrompido após a morte repentina do patriarca há cerca de três anos, mas o amor há havia passado de pai para filho.
— Ele estava o reformando quando faleceu e eu decidi continuar o processo, que me ajudou a lidar com a perda. Se depender de nossa família, nunca terá um ‘vende-se’, o carro será levado por gerações — garantiu.
O veículo foi exposto pela primeira vez na segunda edição do Dia Nacional do Fusca, um encontro de carros antigos, organizado pelo casal Guilherme de Souza e Michele Lourenço, do Iguaçu Auto show, que homenageia o modelo da Volkswagen. Realizado neste domingo no Shopping Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, reuniu 422 veículos no estacionamento do centro comercial, entre eles, mas de 100 fuscas.
— É um carro icônico. Até hoje não bateram o número de venda dele, que é amado não só no país, mas em todo o mundo. Os colecionadores são fascinados, às vezes vemos oferecer R$ 100 mil por um, e os donos não aceitam — conta.
Fora de produção há 17 anos, o ‘besouro’ ou a ‘baratinha’, como também são apelidados, continuam no imaginário dos amantes dos motores. Dependendo do modelo, ano de fabricação e do seu estado de conservação, um exemplar pode ser adquirido por valores entre R$ 5 mil e R$ 20 mil, mas também pode chegar a R$ 50 mil.
Um dos mais novos donos de Fusca no Rio, o empresário Pedro Henrique da Costa Silva, 27, escolheu um modelo famoso para chamar de seu: o Herbie. Personagem fictício dos estúdios Disney, o branco pérola é conhecido por ter vida própria e ser inteligente, além de seu carisma e personalidade. Não teve jeito, o negócio foi fechado ‘à primeira vista’.
— Sempre gostei de carros antigos e quando comecei a visitar os eventos, me apaixonei. Fiquei procurando um Fusca por 10 meses, porém não achava um que gostava, até encontrar este em Muriqui. Despertou logo a emoção, comprei na hora há dois meses — comemorou.
Se Pedro Henrique demorou 27 anos para ter seu próprio fusquinha, Rodrigo, filho do empresário do ramo de automóveis, Eduardo Lapa de Castro, 44, já comemora a conquista de seu ‘azulzinho’ aos 5 anos. Dono de 10 veículos antigos, quatro deles Fusca, Eduardo é apaixonado por este universo desde a infância, comprou seu primeiro carro aos 18 e acabou juntando o hobby com o trabalho.
— O bacana do carro antigo é que você não compra só o veículo, compra a história — ressalta.
A aventura de Eduardo começou cedo, ainda bebê. Seu avô era dono de um modelo amarelo do ano de 1972 e os passeios ficaram marcados em sua memória. Há oito anos, passando por uma rua no Rio de Janeiro, encontrou, pela placa, o antigo possante.
— Ele estava destruído. Bati na porta, ofereci para comprar e até hoje está restaurando. Desmontamos toda a carroceria, agora está na fase de pintura e ainda faltam algumas peças originais — disse.
Fonte: Extra Online
Créditos: Carolina Ribeiro