Até que ponto somos civilizados? E quando a humanidade se perde e passamos a agir instintivamente? José Saramago fala sobre isso no livro ‘Ensaio sobre a Cegueira’, que foi adaptado para filme, e trata de quanto a sociedade faz de tudo pela sobrevivência, não importando quem terá que cair para que a pessoa siga vivendo e comendo.
Trazendo para João Pessoa… Quando foi que o Mercado Central se tornou uma versão, na vida real, do filme de Saramago? Passei por lá hoje pela manhã e me assustei com a quantidade de fezes no chão, nas vielas e calçadas.
Quem conhece João Pessoa sabe que as ruas do Centro e os bairros próximos são ‘o lar’ de pessoas em situação de rua, que perderam o pudor de utilizar a rua como banheiro, quarto e sala. A situação é lamentável e muitas pessoas comuns, além de instituições e igrejas, têm feito mais que o poder público por essas pessoas, que seguem sem comida, sem abrigo, “sem lenço e sem documento”.
Além de não olhar para as pessoas, não há um olhar pelo espaço público, a sujeira é visível, mas antes mesmo de visualizar o lixo e os dejetos, sentimos o mau cheiro, o odor, que mostra que ali é um lugar usado como toalete e há muito não é limpo, como se não existisse. Me refiro diretamente a uma viela que liga o Parque Solon de Lucena à Avenida Dom Pedro II, no espaço localizado na lateral de um empresarial, tem consultório dentário e salão de cabeleireiro.
O que fazer, enquanto cidadã? O que fazer enquanto jornalista? O meu primeiro passo é falar sobre o assunto, é preciso tornar visível o que parece ser ignorado.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Ívyna Souto