As décadas de sessenta e setenta, quando vivíamos um período de ditadura militar, foram pródigas na produção de “cantos de rebeldia”. Eram gritos musicais de insubmissão. Uma geração que, com intensa paixão, colocava voz crítica contra o sistema. A consciência política e social diante de vivências das injustiças, inspirando a criação de verdadeiros hinos revolucionários.
Os versos e os ritmos das canções tornaram-se instrumentos de conscientização, fortalecendo as lutas pela redemocratização. A irreverência contestadora rimava política com poesia. Melodias injetando sonoridade às manifestações populares. As barreiras impostas para conter a liberdade de expressão, desafiavam o potencial de criatividade dos compositores.
O movimento artístico brasileiro enfrentando com coragem uma ditadura opressiva feroz. Foi uma época cheia de energia e de grandes talentos. Havia uma compreensão de que através das canções podem ser estimuladas mudanças e despertar a sociedade para realidades que precisam ser questionadas.
Canções que guardamos com muito carinho no lado esquerdo do peito. Interessante é que percebemos agora que não perderam a atualidade. Os recados que nos eram passados naquele tempo, podem muito bem serem ouvidos na contemporaneidade. São músicas que se tornaram atemporais, porque a dinâmica da política nos obriga a busca-las para ânimo de resistência. A relação música e rebeldia continua real.
Faz-se necessário chegar aos ouvidos da juventude de hoje as mensagens das canções daquela época, que contêm discursos musicais que traduzem ansiedade por justiça social, direitos iguais e um futuro melhor para as pessoas. Letras politizadas que se adequam ao atual momento nacional. A contestação jamais poderá perder o fôlego. Através desse repertório musical que nos foi legado, podemos acreditar que é possível mudar o estado das coisas.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão