No Brasil a democracia está ferida de morte, moribunda, agonizando. Os algozes do Estado de Direito não se cansam de aplicar-lhe, a cada dia, ferimentos que apressem o seu fim, sob os aplausos dos incautos. O aparato legal elitista não se cansa de desferir-lhe golpes.
Precisamos reanima-la para que sobreviva. Curá-la da degradação generalizada a que está submetida. Há a necessidade urgente de que as instituições recuperem sua credibilidade perante o povo. Não deixemos que a nossa democracia chegue ao estágio de paciente terminal.
Façamos valer toda a nossa capacidade de resistência. A urgência não permite descanso. Os piromaníacos querem tocar fogo no país. Eles estão instalados em todos os lugares, presentes em todas as instituições, ansiosos para colocarem em prática seus desejos mórbidos de matarem a democracia e a deixarem carbonizada. Antes que o incêndio atinja seus órgãos vitais, atuemos como bombeiros.
A passividade dos que amam a democracia só ajuda a encorajar os que querem acelerar a sua morte. Eles se organizam para dar curso rápido aos planos arquitetados no sentido de fazê-la desaparecer. E não se constrangem em exercer o papel de carrascos. Rasgam desavergonhadamente a Constituição, desrespeitando-a na intenção de alcançarem seus objetivos golpistas.
O silêncio torna-se cumplicidade. O medo que teimam em nos impor não pode nos transformar em covardes. Não permitamos que o ceticismo tome conta do nosso estado de espírito, influenciado pela crise política, as incongruências das leis e as decisões judiciais contestáveis e polêmicas. Que se faça bradar a voz rouca das ruas. Acordemo-nos para a compreensão de que salvando a democracia estaremos salvando a nós todos.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão