Quando a verdade dói, há sempre a preocupação em suavizar seu impacto. Seja com o objetivo de minimizar suas consequências, seja na intenção de negar realidades históricas com interesse no aproveitamento político. Como estamos vivendo a era da “pós-verdade”, é muito comum inverterem o sentido das coisas, transformando em mentira o que é, ou foi autêntico.
Impressiona como têm tentado rejeitar a verdade que a história nos conta em relação aos anos sombrios que vivemos durante mais de duas décadas do século passado, ao sermos atingidos por um golpe militar que matou por um tempo a democracia. Os acontecimentos devem ser vistos, não como fatos isolados, mas como uma sucessão de eventos que afeta nosso futuro. Buscam relativizar o sentido da verdade absoluta das ocorrências. A mídia política e midiática é usada para falsear a História.
Insistem, por motivos políticos, em não confirmar a objetividade da verdade histórica que tanto nos machucou. A ideologia dominante, alienada e alienante, despreza propositadamente a narrativa real da história. Teimam em fazer com que não aprendamos o significado da leitura dessa história, desvirtuando-a para as gerações contemporâneas. A sociedade precisa estar prevenida de que não pode esquecer do seu passado. Mais ainda quando ele não nos traz boas lembranças.
Não se pode interpretar a história ao sabor das conveniências políticas ou ideológicas, quase sempre superficiais e transitórias. Ninguém consegue mudar o passado. Se a história pretérita é recente, não podemos nos guiar apenas pelas pesquisas, mas por depoimentos de quem viveu a história. Me coloco nessa posição. Eu fui testemunha dessa história que permanecem querendo negá-la.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão