Ibope: quadro estabilizado

Rubens Nóbrega

A julgar pelos números do Ibope divulgados ontem pela Rede Paraíba de Televisão, mais de um mês depois de iniciada oficialmente a campanha para prefeito de João Pessoa o quadro de intenções de voto do eleitorado da Capital permanece inalterado.
No topo, um rigoroso empate técnico entre os candidatos Cícero Lucena (PSDB) e José Maranhão (PMDB). No meio, o candidato do PT, Luciano Cartaxo, não consegue se aproximar dos líderes nem se distanciar o quanto gostaria de Estelizabel Bezerra, do PSB.
Já entre os chamados ‘nanicos’, apenas Lourdes Sarmento (PCO) consegue pontuar. Talvez por ser já veterana em eleições como candidata majoritária, algo novo para os seus, digamos, concorrentes diretos – Renan Palmeira (PSOL) e Antônio Radical (PSTU).
Mas o que me parece garantir por enquanto a estabilidade nesse páreo é o aparentemente baixo índice de indecisos (12%), na perspectiva de que ao se decidirem até a data do pleito devem se distribuir, percentualmente, segundo os índices de cada candidato.
Significa, tentando ser mais claro, que se esses votos migrarem para os candidatos, na cotação atual Maranhão ficará com 27% dos então novos eleitores decididos, Cícero com 26%, Luciano com 14% e Estelizabel, com 9%. Ou seja, nada mudaria em relação ao presente.
Para mudar favoritismos nessa contenda, ou seja, derrubar esse candidato e alavancar aquele, os protagonistas da cena eleitoral precisam criar fatos novos e extraordinários, capazes de mudar radicalmente intenções de votos até aqui consolidadas.
Por fato novo e extraordinário entenda-se o surgimento de algum escândalo realmente bombástico que queime irremediavelmente o filme de Maranhão ou de Cícero, os candidatos que estão com a faca e o queijo para se degustarem num segundo turno.
Mas tem que ser coisa nova e impactante. Denúncia requentada não fará o menor efeito, acreditem, e corre o risco de causar revolta a quem abomina esse tipo de manobra e costuma expressar o sentimento com um “lá vem esse povo com essa história de novo”.
Deixem os bois de Maranhão no curral e a confraria de Cícero na gaveta, portanto. De qualquer sorte, não acredito que Luciano ou Estelizabel queira trilhar por esse caminho. São inteligentes e têm possibilidades de crescer por outros meios, sem tiroteio ou emboscada.
O meio mais nobre, obviamente, é a apresentação de propostas inovadoras de governo que seduzam o eleitor. Mas não vejo, particularmente, como possam alcançar tal feito, considerando que os dois vêm da mesma escola, aprenderam nas mesmas cartilhas e não se libertam dos chavões e clichês do discurso esquerdista.
De outro lado, sem chance de inovação e de fazerem a diferença que pensam fazer, Luciano e Estelizabel podem ser tentados a lançar mão das máquinas que os apóiam. Mas, se fizerem, vão correr o maior de todos os riscos.
Maranhão e Cícero conhecem bem esse baralho e montaram campana para vigiar. Será uma tremenda ‘roubada’ se Governo do Estado ou Prefeitura da Capital inventar de ajudar ostensivamente, ilegalmente, da campanha de seus respectivos candidatos.

 

Bandeira no baldinho

O ex-deputado Neto Franca, um dos coordenadores da campanha de José Maranhão, considera ecologicamente correta e inovadora a exposição pública de bandeiras do candidato com paus fincados em baldinhos cheios de areia ou metralha.
O assunto foi tratado na coluna de anteontem, por sugestão de um motoboy que ao colunista criticou Maranhão por não contratar moças e rapazes para segurarem as bandeiras vermelhas do 15 nas principais avenidas e cruzamentos da Capital.
O rapaz acredita que o candidato peemedebista resolveu mesmo economizar dinheiro recorrendo aos baldinhos, dando foros de verdade à fama de “amarrado” e “canguinha” que acompanha a longeva trajetória pessoal e política de Maranhão.
“Ficou muito dispendioso e complicado contratar gente pra segurar bandeira, Rubens”, explicou-me Neto Franca. “Os custos e encargos da contratação mais as exigências legais para botar esse pessoal na rua inviabilizam a contratação”, garantiu.
Disse, por exemplo, que o trabalho deve ser remunerado pelo salário mínimo, limitado a seis horas por dia, e tem que ter chapéu, boné e bloqueador solar para os seguradores de bandeira. “Até banquinho para sentar quando o cansaço bater tem que entrar no pacote”, observou.


A frase da semana

A Professora Lourdes Sarmento encontrou um conhecido ontem no Shopping Tambiá e foi logo perguntando o que ele achava do governador Ricardo Coutinho. A resposta: “Por conta dessa história de ir mais longe, eu acho que ele se perdeu”.