Ser militante ou ativista político, passou de repente a ser encarado como terrorista, um subversivo, na visão atual da direita brasileira que chegou ao poder. Essa atividade político-social é apontada como uma ameaça ao “stablishment”.
Os interesses da cidadania quando não atendidos pelo sistema político, exigem uma reação da sociedade civil. Isso é próprio da democracia. O ativismo civil tem por objetivo chamar a atenção dos governantes para temas relevantes que estão sendo desconsiderados. Condenar o ativismo é manter-se numa concepção autoritária da vida social e da política.
A História é pródiga em registros positivos de transformação em favor do povo e da democracia. Muitas foram as conquistas alcançadas por militantes ativistas, que, corajosamente, desfraldaram bandeiras em defesa de causas tidas como revolucionárias, do ponto de vista da igualdade dos direitos individuais. As mobilizações dos movimentos feministas, dos negros contra a discriminação racial, dos trabalhadores explorados pela sanha do capital, e de tantos outros grupos que sofrem preconceitos e são marginalizados, resultaram de demandas sociais que vão amadurecendo ao longo do tempo. São extremamente necessárias porque representam um direito fundamental à liberdade de reivindicar, questionar e propor mudanças que minimizem as injustiças sociais.
Já passamos por uma experiência muito ruim na época da ditadura militar, quando fomos oprimidos por um autoritarismo atroz. Bastava que os movimentos coletivos contrariassem o pensamento dos ditadores. Os ativistas militantes não podem ser vistos como inimigos, apenas por que divergem do pensamento dos que estão no poder. Têm que ser tratados como “concidadãos”, preocupados com a busca de um mundo melhor, mais igualitário, mais justo, mais democrático.
O ativismo puxa o debate político, propondo diálogos francos sobre questões que interessam à sociedade como um todo. O confronto de ideias e argumentos só ajuda a caminhar para o encontro de projetos transformadores. Quando se diz: “vamos botar um ponto final a todo ativismo no Brasil”, dá para se prenunciar uma agressão à democracia, admitindo apenas o pensamento único e combatendo toda e qualquer divergência.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão