Humorista promete “gabinete sem portas”

Nonato Guedes

Humorista, publicitário e ativista cultural, Marcelo Montenegro, o “Piancó”, resolveu aceitar o desafio de concorrer a uma vaga na câmara municipal de João Pessoa pelo PPS e promete que, se for eleito, vai “escancarar” o seu gabinete para o público, possibilitando que qualquer cidadão tenha acesso a ele para encaminhar demandas ou reivindicações. Com um slogan que faz jus à sua verve – “o melhor para João Pessoa é votar em Piancó” – Marcelo já trabalhou, profissionalmente, em marketing e propaganda em diferentes campanhas como as de Cássio Cunha Lima e José Maranhão ao governo da Paraíba, além de ter trabalhado para candidatos em Alagoas e Piauí, na redação de textos e produção de vídeos. “Já que fiz tanto pelos outros, agora vou fazer por mim”, afirma ele, em depoimento à reportagem do Lanacaprina.

“Piancó” costuma satirizar políticos em suas apresentações, na frente deles, mas nunca foi molestado por causa disso. Se vier a ser eleito, pretende quebrar paradigmas, dando um basta ao clientelismo e ao assistencialismo, expedientes que, a seu ver, contribuíram para o estágio de atraso a que o Nordeste está submetido. Com 25 anos de carreira, ele diz que não terá dificuldades para fazer intervenções em palanques e no Guia Eleitoral. Pela experiência adquirida na área do marketing, saberá conciliar as frações de minutos a que terá direito numa campanha bastante concorrida, em que veteranos misturam-se a caras novas para imprimir uma dinâmica à Casa de Napoleão Laureano. A iniciativa de se candidatar surgiu em conversas com fãs e amigos, junto a quem, hoje, “Piancó” distribui santinhos de campanha e pede votos.

Premiado como publicitário e aplaudido como humorista, Marcelo Montenegro tentará a massificação do seu nome através do rádio, que considera o veículo mais acessível ao grande público. “A força do rádio é impressionante, bem como a sua abrangência, e garante uma interação com os ouvintes”, explica. Idealizador da “rádio Zona”, um programa calcado em sátiras e mensagens que deleitam os receptores, o humorista investe no corpo a corpo como uma das armas de cabala de votos. Suas propostas serão focadas no resgate da área cultural, na questão da mobilidade urbana e na ênfase às alternativas de lazer que devem ser propiciadas pelo poder público à comunidade

“O meu desejo é ajudar a tornar a câmara mais solidária, mais antenada com as verdadeiras aspirações do povo carente, que se ressente de políticas públicas voltadas para a sua emancipação, para sua inserção na chamada Cidadania”, assinala. “Piancó” também quer incorporar uma pitada de ‘non sense’ ao legislativo de João Pessoa. Ele observa que, atualmente, a política é uma atividade sisuda demais, “extremamente chata”, advindo, daí, um dos fatores de desgaste dos representantes no Congresso Nacional e em outras esferas legislativas. “Política tem que ter alegria, não pode estar sujeita à camisa de força protocolar. A sátira, o riso, constituem antídotos contra a depressão que foi enraizada no inconsciente do povo, em virtude dos escândalos, da falta de compromissos com o interesse público, das propostas demagógicas que se repetem a cada eleição”, ensina ele.

Definindo-se como portador “da índole do bem”, Marcelo Piancó acredita que, apesar das limitações, é possível fazer muita coisa de diferente na câmara municipal. “Basta boa vontade para ajudar aos mais necessitados, e é esse combustível que vai direcionar minha campanha”, acentua. Integrante da coligação que apóia a candidatura do deputado Luciano Cartaxo (PT) a prefeito, tendo como vice Nonato Bandeira, do PPS, “Piancó” aposta no seu potencial e no estilo diferente para sensibilizar, principalmente, a parcela de indecisos. “Se for eleito, não vou decepcionar”, arremata.

No reverso da medalha, a ex-vereadora Nadja Palitot, que também atuou como deputada estadual e foi candidata à prefeitura de João Pessoa, anunciou, ontem, sua desistência em concorrer a vereadora pelo Partido dos Trabalhadores. “Cheguei à conclusão de que minha contribuição na câmara já foi dada, e que não teria sentido postular mais um mandato”, comunicou a advogada criminalista. Nadja foi uma das fundadoras do PSB na Paraíba, mas se desligou da legenda com o ingresso de Ricardo Coutinho, que acabou guindado à presidência estadual.