O presidente Jair Bolsonaro (PSL) nasceu em Glicério (SP), município que fica a 490 km da capital, em março de 1955. Foi registrado em Campinas (SP) após oito meses e só voltou à cidade natal seis décadas depois, durante a campanha presidencial, no ano passado, quando reafirmou sua condição de glicerense.
Com a proposta de emenda constitucional enviada ao Congresso Nacional pelo mais ilustre filho da cidade, na terça-feira (5), que extingue os municípios com população inferior a 5.000 mil habitantes e que possuam arrecadação própria abaixo de 10% da receita total, Glicério pode sumir do mapa, tornando-se distrito. Isso pode acontecer 93 anos após a emancipação, em dezembro de 1925, quando se tornou município.
Glicério tem uma população de 4.815 habitantes, segundo o IBGE, e a arrecadação própria é inferior a 10%, de acordo com levantamento feito pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Durante a campanha, Bolsonaro se disse emocionado de estar na cidade, onde foi recebido com festa por centenas de conterrâneos. Eles o acompanharam até a sede da prefeitura, administrada pelo tucano Ildo Gaúcho. Foi recebido com pompa e recebeu de Gaúcho uma bandeira de Glicério, posando para fotos com apoiadores.
“O senhor é bem-vindo a sua terra. Glicério vai fazer história nesse país e todos nós aqui estamos orgulhosos de receber a sua pessoa. O senhor não teve a vergonha de dizer que nasceu em Glicério, isso é muito importante”, declarou o prefeito na ocasião.
Em discurso na praça principal, o capitão reformado enalteceu o fato de ter nascido ali, lembrou-se do pai e pediu votos aos conterrâneos. No segundo turno, o pesselista obteve na cidade 1.749 votos ou 65% dos votos válidos.
O UOL entrou em contato com a assessoria do prefeito de Glicério por diversas vezes ontem e hoje. Foi marcada uma entrevista, cancelada logo depois. A assessoria informou que o tucano iria “esperar um pouco, ver o que o povo vai falar” para comentar a questão.
À rádio CBN, Gaúcho se disse contrário à proposta. “Não apoio e não aprovo. Tem município pequeno com dificuldade, tem sim, muitos. Mas não é por culpa do município. É pelo sistema que existe hoje na nossa política de distribuição de renda. O governo federal leva muito dos municípios e repassa pouco, essa é a realidade”, afirmou.
Caso Glicério deixe de ser município, será incorporado ao município de Penápolis (SP), distante 15 km. Ironia histórica para a vizinha Penápolis, que foi distrito de Glicério até 1936.
Fonte: UOL
Créditos: UOL