O governo federal que se instalou em nosso país no início deste ano tem se mostrado campeão em produzir polêmicas inúteis. Os integrantes do círculo íntimo de poder são pródigos em gerar discussões improdutivas que nada trazem de positivo para os interesses da nação. Desperdiçam, portanto, energia que poderia ser utilizada para o encontro de soluções para os graves problemas que enfrentamos. A cada dia são construídas crises estéreis que só trazem prejuízos à eficiência de gestão.
Debates recorrentes de cunho ideológico provocam uma radicalização política que contraria a necessidade de se obter um clima de harmonia nacional com motivações patrióticas. As bravatas tornam-se marcas de governo. Assim perde-se a capacidade de que sejam estabelecidos consensos mínimos que possibilitem competência para o enfrentamento das inúmeras dificuldades que afligem toda a população. Sentimos falta do debate qualificado no tocante ao quadro de desafios que estamos convocados a encarar em caráter de urgência.
A impressão que passa é que estão se divertindo, brincando de governar, sem noção da enorme responsabilidade que carregam nos ombros. A prevalência do “non sense” preocupa a todos e chega inclusive a irritar os que ficam na expectativa de que aconteçam acertos na condução dos destinos de nossa pátria. As questões sérias são relegadas a segundo plano, perdidas num emaranhado de trapalhadas. As estultices tomam o tempo dos que deveriam focar em construir projetos que garantissem um futuro melhor para o país. O histrionismo domina o pensamento do grupo.
Os delírios cotidianos que estamos sendo obrigados a assistir causam profunda apreensão. O mais preocupante é ver que ainda existe uma boa parte da população anestesiada e sem conseguir enxergar o óbvio, apoiados numa cegueira provocada por paixões ideológicas e partidárias. Riscos e sinais negativos são ignorados, numa espécie de efeito avestruz. Há um ditado popular que diz: “o pior cego é aquele que não quer ver”. Não se avalia o enorme impacto sobre nossas vidas que essa atitude de omissão pode gerar. Aí vamos ter que dar razão a Santo Agostinho quando afirmou: “Tão cegos são os homens, que chegam a vangloriar-se da própria cegueira”. Ou ao que disse Clarice Lispector: “A pior cegueira é a dos que não sabem que estão cegos”.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Polêmica Paraíba
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão