Eleitor, sepulte sua vergonha

Paulo Santos

Quem não votou nos prefeitos apontados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal como ladrões não tem motivos para se envergonhar. Quem deve sentir vergonha por todasa essas mazelas que recaem sobre a população de vários municípios deve ser o eleitor que saiu de casa num dia de eleição para sufragar um candidato que ele julgava honesto, mas na realidade era um velhaco.

O eleitor desses municípios, como de outros cujos prefeitos também já foram flagrados em roubalheiras, também não pode ser crucificado porque foi às urnas para dar maioria aos desonestos. A ninguém foi dado o dom de conhecer antecipadamente o caráter de outro ser humano, seja prefeito, médico, jornalista ou qualquer outra profissão.

Igualmente não podemos nos envergonhar por esses fatos estarem vindo a público em nível nacional. A corrupção, neste país, existe desde o descobrimento por Cabral em 1500 e apenas veio sendo aprimorada pelos péssimos caráteres que assumem o comando de administrações, sejam em nível federal, estadual ou municipal.

Os fantásticos prefeitos que desfilam algemados pelas ruas das cidades onde foram eleitos estão sendo desmascarados devido aos rigores da lei e à independência dado ao Ministério Público para investigar, mas há que se ressalvar o fato de que as carências estruturais impedem que outros prefeitos sejam pegos “com a mão no roubo”.

Vergonha que deve se disseminar é pelo fato desses ladrões serem flagrados dando alcances no dinheiro público, ou seja, nos nossos suados impostos, mas graças ás filigranas jurídicas deixam rapidamente o cimento frio das cadeias e saem rindo, debochando da população, às vezes recebendo seus cargos de volta em meio a verdadeiras festas.

Quem votou nesses ladrões e hoje está frustrado por se sentir ludibriado com a descoberta desses ninhos de falcatruas deve assimilar as bordoadas morais e procurar aprimorar a sensibilidade para não voltar a cometer os mesmos erros. Para início de conversa, descarte a possibilidade de votar nos próprios ladrões (candidatos à reeleição) ou em quem eles apoiam.

Há muito se proclama que a alternância do poder é um dos princípios básicos da democracia. A mudança oxigena o poder, refrigera a “máquina” e estimula o surgimento de novas lideranças – boas ou más. Quem for merece o respeito da população, mas quem adotar as safadezas como norma deve ser visto como um tumor social que precisa ser extirpado.

Quem votou em prefeito ladrão tem nova oportunidade de escolher um bom administrador para seu município em outubro próximo. Quando chegar diante da urna eletrônica, o eleitor terá a chance de sepultar os bandidos travestidos de políticos. Pouco a pouco estaremos colaborando para que [os índices de corrupção diminuam substancualmente, Pelo menos no plano municipal.