A PDVSA, empresa estatal de petróleo da Venezuela, afirmou que não recebeu pedido de ajuda nas investigações nem amostras do óleo que surgiu praias da Paraíba e de outros estados do Nordeste para análise. A empresa cobrou a identificação do petroleiro que teria vazado o produto e criticou a “certeza” do governo brasileiro sobre a origem do material achado desde o final de agosto na costa nordestina.
“A PDVSA informa à opinião pública nacional e internacional que não recebeu um pedido de apoio para determinar se o petróleo detectado realmente corresponde a alguma das segregações comerciais de petróleo bruto exportadas pela Venezuela, razão pela qual é improvável a apresentação de qualquer tipo de opinião ou análise unilateral com resultados tendenciosos e irresponsáveis”, diz a empresa em comunicado oficial.
De acordo com o Ibama, foram registrados 16 pontos com manchas de óleo na Paraíba: Rio Tinto (Barra do Mamanguape, Campina, Lagoa de Praia e Oiteiro); Pitimbu (Praia Bela); Conde (Praia de Jacumã, Tambaba, Praia do Amor e Praia de Gramame); João Pessoa (Tambaú e Cabo Branco); Cabedelo (Intermares, Praia do Poço, Praia de Camboinha e Praia Formosa); e Mataraca (Barra de Camaratuba).
Na quarta-feira (23), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que iria pedir para a Venezuela se pronunciar na OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre o vazamento do óleo.
Na quinta (24), após visita a Barra de São Miguel, no litoral sul de Alagoas, Salles não respondeu se o Brasil chegou a pedir apoio da Venezuela nas investigações e ainda atacou o país a dizer que o fato de ele escoar sua produção de “forma clandestina” dificultava a investigação brasileira. Salles voltou a garantir que não há dúvidas de que o óleo é venezuelano.
Pessoal qualificado
A PDVSA ainda diz na nota que possui “pessoal qualificado, a tecnologia e os recursos materiais que oferece ao governo brasileiro para cooperar na determinação da verdadeira origem do petróleo registrado nas praias do nordeste do país sul-americano.”
“Lamentamos que um evento dessa natureza pretenda ser distorcido do contexto ambiental para levá-lo a um nível político, na tentativa de incriminar a Venezuela e afastar-se da questão central, pois representa a preservação do meio ambiente e dos recursos renováveis e não renováveis.”
A empresa estatal venezuelana deixa claro que não há como o petróleo achado no Nordeste ter saído do país, já que a área de petróleo mais próxima do Brasil é o Golfo de Paria, que está localizada a 2.500 quilômetros do estado do Maranhão.
“Esta região tem a influência da corrente norte do Brasil e da corrente da Guiana, cujo deslocamento para cima, na direção sul-norte, apresenta velocidades de 0,3 a 0,7 nós, o que impediria que qualquer ponto de óleo se movesse em direção à área afetada na direção oposta”, explica.
“Da mesma forma, no caso de petróleo bruto ou produtos exportados por nosso país e vendidos pela PDVSA a qualquer um de nossos clientes, a empresa solicita que o petroleiro responsável por essa ação seja identificado, com o objetivo de iniciar investigações nas instâncias correspondentes e sancionar os responsáveis por qualquer infração ou crime, se aplicável”, completa.
Tentativa de “politizar”
No texto, a PDVSA ainda “rejeita as acusações feitas pelo governo da República Federativa do Brasil que pretendem politizar e responsabilizar a República Bolivariana da Venezuela pelos traços de petróleo que afetam a costa nordeste do país desde o início Setembro de 2019.”
Para o governo venezuelano, as declarações de Ricardo Salles mostram “pouco interesse e poucas medidas de proteção ambiental do Governo da República Federativa do Brasil, tanto em suas costas quanto no resto do ecossistema natural brasileiro.”
“Essas declarações de altos funcionários do governo brasileiro apontam para a manipulação de informações e têm um forte viés político para atacar o governo da República Bolivariana da Venezuela diante de organizações internacionais das quais não faz parte”, diz o comunicado.
Fonte: Paraíba Já
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