A situação caótica da saúde na Paraíba foi mostrada na última quinta-feira (5), em São Paulo, aos diretores do Conselho Federal de Medicina e presidentes dos Conselhos Regionais. O presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba, João Medeiros Filho, fez pronunciamento retratando o caos instalado nos hospitais do Estado. O CFM e CRMs publicaram uma nota de solidariedade aos profissionais da Paraíba, como forma de defender a prática segura e eficaz da medicina e de garantir a qualidade na prestação da assistência.
As cidades de Patos, Campina Grande, Guarabira e João Pessoa são as mais afetadas, com a falta de médicos e hospitais desestruturados. Em Patos, no Sertão paraibano, a 300 km de João Pessoa, a única maternidade está desde o dia 30 de abril sem obstetra e anestesista. O hospital regional da cidade está com a UTI interditada também por falta de médico.
O único hospital infantil conta apenas com cinco médicos, mas sem cirurgiões pediátricos e anestesistas. A UTI também está fechada.
O Hospital Regional de Campina Grande funciona em local improvisado, pois foi construído para sediar uma tipografia. A cidade não conta com hospitais de urgência pública municipal, nem maternidade pública estadual. A única maternidade pública é municipal (ISEA) e está sempre lotada.
Além disso, os médicos de João Pessoa e do Estado comunicaram hoje que pedirão demissão coletiva em um prazo de 30 dias. O Hospital de Emergência e Trauma, o maior do Estado, está super lotado, conforme foi amplamente divulgado na mídia. “Infelizmente, a situação da saúde paraibana está caótica”, ressaltou o presidente do CRM-PB. No início desta semana, o presidente do Conselho entregou relatório da saúde pública paraibana o vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Leôncio Câmara. “Precisamos nos unir para encontrarmos uma solução para esse caos”, completouJoão Medeiros.
CFM alerta a sociedade
Os 27 Conselhos Regionais de Medicina e o Conselho Federal de Medicina vieram a público alertar a sociedade os seguintes pontos com respeito ao quadro da saúde pública na Paraíba:
– Os problemas que afetam o Estado exigem resposta imediata sob pena de expor a população à falta de atendimento e aos riscos decorrentes do sucateamento da rede pública assistencial.
– É preciso assegurar mais investimentos, a qualificação da gestão e a implementação de infraestrutura mínima (instalações e equipamentos) para o bom exercício da Medicina.
– Também é fundamental a adoção de medidas que valorizem o profissional médico de forma plena.
– Os médicos têm sido submetidos a péssimas condições de trabalho e de remuneração, dentro de um processo de precarização sem precedentes no país.
– Este contexto legitima a deflagração de movimentos reivindicatórios da categoria, conforme previsto no processo consulta CFM 20/2002, que estabelece que tais ações são éticas, desde que ressalvadas situações caracterizadas nos artigos 24 e 35 do Código de Ética Médica.
– As tentativas levianas de ofender e macular a imagem dos profissionais da Medicina são repudiadas com veemência pelos Conselhos de Medicina, que, por sua vez, alertam aos gestores para a importância da abertura de um canal de diálogo para solucionar os problemas com a categoria.
– Juntos, profissionais da Medicina, gestores públicos e a sociedade devem participar de um debate profundo e equilibrado, isento de interesses privados e políticos, em busca de respostas cujo foco esteja na saúde do povo paraibano.
Da ascom CRMPB