“Quando eu cheguei no aeroporto descobri que era um golpe”. Morador de Santa Catarina, o haitiano Daniel Sainthe estava à procura de uma passagem emergencial para acompanhar o funeral de sua mãe em Gonaives, no Haiti. Após ver um anúncio de passagens aéreas promocionais, Sainthe entrou em contato com os vendedores e realizou o pagamento do bilhete por meio de um depósito no valor de R$ 2.100.
Por conta própria, foi de Agronômica (SC), cidade onde vive, até o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana da capital paulista. Ao chegar na área do check-in, foi avisado de que o voo procurado não existia.
Um grupo de brasileiros e haitianos se aproveitou da alta procura por passagens aéreas entre os dois países para praticar golpes de vendas de bilhetes falsos pela internet. Uma denúncia feita na Superintendência da PF (Polícia Federal) do Rio de Janeiro informou aos agentes policiais que a quadrilha atua por meio de uma página no Facebook utilizando o nome da embaixada do Haiti no Brasil, com anúncios de bilhetes abaixo do valor de mercado.
Pelo menos cinco pessoas foram vítimas do golpe. A quadrilha atua tanto no Brasil como no Haiti e recebe pagamentos de interessados em embarcar para os dois destinos. Os anúncios são em creoles, idioma oficial do Haiti. Os voos anunciados seriam da Copa Airlines, empresa do Panamá.
O Brasil é um dos principais destinos dos imigrantes haitianos. Desde julho de 2015, quando a OIM (Organização Internacional de Migração) passou a gerenciar os pedidos de vistos humanitários, o governo brasileiro emitiu cerca de 46 mil vistos, segundo o Itamaraty.
No Brasil há cinco anos, a haitiana Myriam Espera procurava passagens aéreas para a filha, que não vê desde que deixou a terra natal. Após ver os mesmos anúncios, entrou em contato com a página e realizou o pagamento no valor de R$ 3.800 na conta de uma mulher brasileira que consta como uma das participantes da quadrilha, segundo o boletim de ocorrência registrado pela vítima.
De acordo com a denúncia, o grupo é formado por cinco pessoas: quatro brasileiros e um haitiano.
O UOL teve acesso a comprovantes de pagamentos anexados à denúncia realizada na Polícia Federal. O principal favorecido pelos depósitos é o haitiano Adolphe Jeanty, de 27 anos, que vive no Brasil. Ao receber o contato da reportagem, ele disse não ter envolvimento com o crime.
Procurada pelo UOL, a PF afirmou que não se manifestaria a respeito do assunto e que não pode informar se a denúncia resultou ou não em investigação.
Fonte: UOL
Créditos: UOL