Fala, não fala, não fala, fala! Mas deveria nunca ter falado! Sempre que o faz é um vexame. O discurso do Capitão, na ONU, mais uma vez colocou o Brasil em péssimos lençóis. Quanto mais o presidente vocifera contra seus “inimigos” – tanto aqui quanto lá fora – mais enxovalha a imagem de uma nação que por um curto período até chegou a ser soberana! Mas enquanto Bolsonaro soltava faíscas e apontava culpados, o Brasil se recolhia envergonhado e, quem não mora aqui ou, principalmente, não é daqui, dormia – como se dissesse não é comigo. Não tenho nada com isso!
No entanto, houve quem adorasse tudo o que foi dito. Aqueles 30% que escolheram o “mito” como seu representante (hoje já não são mais 30% dado o número de arrependidos que confessam publicamente na redes sociais, fora os que não confessam por pura vergonha ou, ainda, medo). Para essa pequena parcela, o discurso foi arrebatador, devolveu a altivez do país e colocou o mundo no seu devido lugar! Até ai tudo bem. Dá para se entender! Mas essa parcela esquece completamente que, no fundo, não é bem assim! A maioria dos cidadãos, aqueles 47% que não o escolheram, os arrependidos já citados, e o resto de um Brasil que nunca conseguiu recuperar-se do golpe praticado contra a democracia e contra a vida dos menos afortunados – até mesmo os ricos, como João Dória – não concordam com o que foi dito e tem perfeitamente a sua opinião formada!
Tenha a santa paciência! Usar a Assembleia Geral da ONU – cúpula do clima, que começou na última segunda-feira (23) em Nova York (EUA), para fazer um discurso fraco e cheio de rancores, de desculpas esfarrapadas sobre o que está ocorrendo por aqui, de procurar culpados e fazer acusações sérias, culpando as próprias vítimas pelo caos em que nos encontramos, só demonstrou, ainda mais, fraqueza, sendo aplaudido apenas por quem não sabe o que realmente está sendo feito com o país e por aqueles que, de forma direta ou indireta, estão envolvidos com esse projeto de demolição que aqui foi implantado.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), usou palavras duras para criticar o discurso, avaliado por ele como “inadequado” e “inoportuno”. Dória disse que Bolsonaro “perdeu mais uma oportunidade para o Brasil”. A fala, diz o governador, foi “sem referências que pudessem trazer respeitabilidade e confiança no Brasil no plano ambiental”. “Faltou bom senso e humildade”, completou. E olha que foi o Dória – aquele da ração para moradores de rua, lembram? No rol de críticos, destacaram-se políticos à esquerda e ONGs ambientais, como o Greenpeace ao afirmar que o presidente mentiu, tentando “vender a imagem de um Brasil que não existe”. Segundo, ainda, Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas da ONG, “A fala do presidente sobre meio ambiente foi uma farsa. Bolsonaro tentou convencer o mundo que protege a Amazônia, quando, na verdade, promove o desmonte da área socioambiental, negocia terras indígenas com mineradoras estrangeiras e enfraquece o combate ao crime florestal”.
Dentre os principais pontos do discurso e, em particular, na área econômica: O presidente falou que “Não pode haver liberdade política sem que haja também liberdade econômica. E vice-versa. O livre mercado, as concessões e as privatizações já se fazem presentes hoje no Brasil.” Ele também falou sobre a exploração mineral em área indígena ao afirmar que “O índio não quer ser latifundiário pobre em cima de terras ricas. Especialmente das terras mais ricas do mundo. É o caso das reservas Ianomâmi e Raposa Serra do Sol. Nessas reservas, existe grande abundância de ouro, diamante, urânio, nióbio e terras raras, entre outros. E esses territórios são enormes.”
E com essas palavras o Brasil volta aos seus primeiros anos, logo após a sua descoberta, com o domínio das áreas indígenas pelos exploradores estrangeiros! Um governo atrasado propositadamente 500 anos! E o mais agravante nisso tudo, os índios já não são os mesmo que recebiam espelhinhos em troca de ouro! Hoje o índio já sabe perfeitamente o que estão fazendo com seu povo e suas propriedades. E apesar de ser uma luta desigual, haverá resistência!
“A economia está reagindo, ao romper os vícios e amarras de quase duas décadas de irresponsabilidade fiscal, aparelhamento do Estado e corrupção generalizada. A abertura, a gestão competente e os ganhos de produtividade são objetivos imediatos do nosso governo.”
Por sua vez, a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) afirmou que o discurso foi “recheado de meias verdades e negação de verdades inteiras”. “Sendo proferido direto da ONU, tem um potencial enorme de produzir um efeito ainda mais nefasto para a imagem do Brasil no exterior: uma vergonha globalizada”, disse.
Bolsonaro realmente perdeu a grande oportunidade de fazer a mea-culpa diante do mundo, fazendo um discurso mais conciliador e de promessas para melhorar a sua política de construir um covo país! Em vez disso preferiu levar um discurso mais caseiro e de cunho mais interno. Preferiu falar em um evento global, o que insiste em dizer aqui: “Estamos abrindo a economia e nos integrando às cadeias globais de valor. Em apenas oito meses, concluímos os dois maiores acordos comerciais da história do país, aqueles firmados entre o Mercosul e a União Europeia e entre o Mercosul e a Área Europeia de Livre Comércio, o EFTA (bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein). Pretendemos seguir adiante com vários outros acordos nos próximos meses.”
Mas já vimos que é impossível alguém faze-lo entender o que ele próprio está dizendo! Bolsonaro diz que seu discurso na ONU não foi agressivo e que só buscou “restabelecer a verdade”! Então tá!
Agora, nem tudo foi só fiasco. Em um espaço de honra a ativista Paloma Costa, de 27 anos, estudante de Direito da Universidade de Brasília, coordenadora de clima da ONG Engajamundo e que só trabalha com jovens, se dirigiu aos líderes mundiais ao lado da mais popular das jovens ambientalistas, a sueca Greta Thunberg. Paloma lembrou em sua fala o líder indígena Ailton Krenak. “Os povos indígenas vêm resistindo há anos. E nós? Vamos ser capazes de resistir?” A juventude está mobilizada: “Não vamos trabalhar com empresas que desmatam, não vamos ficar quietos. Já mudamos nossos hábitos, mas vocês não estão seguindo a gente”, desafiou Paloma.
Ela lembrou que o mundo assistiu horrorizado às queimadas da Amazônia. Todos oraram pela floresta e pelos povos indígenas, mas faltam ainda ações concretas. “Precisamos ver a Amazônia pegando fogo para agir?
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba