O grande debate que sucedeu ao anúncio de Burity como futuro governador da Paraíba, era a insistência com que os marizistas defendiam a disputa na convenção da ARENA, contrariando a decisão do presidente Geisel. A questão era avaliada como arriscada, mas acreditavam nas chances de vitória.
Na manhã do dia primeiro de junho reuniram-se na residência de Amir Gaudêncio para definirem o encaminhamento que dariam a respeito. A essa altura, o grupo já conquistara a adesão do presidente do partido, o deputado Valdir dos Santos Lima, insatisfeito com o fato de não ter sido o escolhido como companheiro de chapa de Burity, no cargo de vice-governador. Isso animava no sentido de que tornava frágil o lado arenista que apoiava Burity.
Foi um encontro que durou cerca de cinco horas. João Agripino mantinha a posição divergente ao que defendia a maioria dos que ali se faziam presentes. Argumentava: “Isso pode resultar na cassação de Antônio Mariz, fazendo com que a Paraíba perca o seu único líder popular da atualidade, e é nosso dever preservar um homem que pode fazer ainda muito mais pelo partido e pelo Estado”. A alternativa apresentada pelo deputado Ramalho Leite era para que ele aceitasse concorrer ao Senado, indo Mariz disputar a reeleição como deputado federal. Pressionado, ele cedeu. Aloisio Afonso Campos redigiu o documento que anunciava à Paraíba a deliberação do grupo marizista. Marcaram uma outra reunião a noite na casa do deputado Manoel Gaudêncio, quando então tornariam pública aquela resolução.
Pouco antes do novo encontro, no final da tarde, Mariz telefona para Ramalho Leite e comunica que estava disposto a ir à convenção, a despeito de todos os riscos que poderia correr. Entendia serem necessárias novas avaliações a noite.
Os debates que ocorreram durante a noite já foram por definição diferente do que se estabelecera pela manhã. Ramalho Leite não perdeu tempo e rasgou a carta que haviam escrito, porque era um que entusiasticamente defendia bater chapa na convenção. Entretanto, o ponto determinante na nova decisão a ser tomada, era a vontade manifestada pelo candidato Antônio Mariz, o que terminou por prevalecer.
Às nove e meia da noite Mariz fazia a sua proclamação : “Todos querem a democracia, poucos se dispõem a servi-la. Eu quero servir à democracia. Poucos se encorajam ao combate. Quero combater”. No dia seguinte deram entrada no pedido de registro da candidatura, com requerimento assinado por quarenta e sete convencionais. A sorte estava lançada.
•“INVENTÁRIO DO TEMPO II”, livro em construção
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão