Por meio de mensagens enviadas para si mesmo pelo aplicativo Telegram, o procurador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, considerou se candidatar ao cargo de senador, nas eleições de 2018.
Ele avaliou que seria “facilmente eleito” mas acabou decidindo não seguir — ao menos por enquanto — o caminho da política partidária.
“Tenho apenas 37 anos. A terceira tentação de Jesus no deserto foi um atalho para o reinado. Posso traçar plano focado em fazer mudanças e que pode acabar tendo como efeito manter essa porta aberta”, escreveu para si mesmo, em 29 de janeiro de 2018.
As mensagens foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil e fazem parte de conversas privadas que o veículo tem divulgado após receber o conteúdo de uma fonte anônima.
De acordo com as mensagenss, o procurador teria recebido um convite do Podemos para concorrer à vaga de pelo Paraná e, em sua reflexão no Telegram, teria considerado três possibilidades, e os prós e contras.
A primeira opção seria a candidatura ao Congresso. Nesse caso, Dallagnol se considerava “facilmente eleito” e acreditava que circunstâncias apontavam nessa direção. Um dos pontos favoráveis seria o fato de que “todos na LJ [Lava Jato] apoiariam a decisão”, apontam mensagens.
De acordo com o conteúdo divulgado, o ponto negativo de tentar o Senado seria o “risco para a Lava Jato porque muitas pessoas farão uma leitura retrospectiva com uma interpretação de que a atuação desde sempre foi política”.
Este foi justamente um dos principais pontos de crítica à decisão de Sergio Moro de abandonar o cargo de juiz federal para se tornar ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro.
O procurador ainda teria considerado consequências como: “pode macular mais do que a Lava Jato, mas o movimento anticorrupção como um todo, que pode parecer politicamente motivado. Por fim, a candidatura pode macular as 10+ como uma plataforma pessoal para eleição, retirando aura técnica e apartidária”, divulgou o The Intercept.
As “10+” citadas nas mensagens são Dez Medidas Contra a Corrupção, carro-chefe do procurador país.
Fonte: Exame
Créditos: Exame