Desde que resolveu varrer as oligarquias do governo estadual, em 2010, a Paraíba não viveu até agora um momento tão pedagógico na política como durante a semana em curso, nesses dias que antecedem o SOS Transposição, o ato público que acontecerá domingo (01/09), em Monteiro.
Quem fizer um esforço mínimo para perceber que, por baixo da espuma provocada pelo esforço constante de desinformar e gerar intrigas de setores da imprensa, entenderá porque os grupos oligárquicos, a começar pelo Sistema Correio, esforçam-se quase em desespero para que o ato seja um fracasso.
Há uma motivação subjacente: esses grupos enxergam que em Monteiro acontecerá mais do que um ato em defesa da segurança hídrica para o povo do semiárido paraibano.
Para esses grupos, formados por poderosas famílias, que, por décadas, acostumaram-se a conquistar e a manter seus privilégios no governo do estado, independente de quem fosse o governador, trata-se de uma espécie de Batalha de Stalingrado, onde o que está em é a possibilidade de reversão das derrotas que o ex-governador Ricardo Coutinho lhes impôs, eleição a eleição, desde que disputou e venceu, em 2010.
Farejaram essa possibilidade desde a posse de João Azevedo ao perceberam que a inexperiência política do governador era um campo aberto para seu jogo de pressões.
E, ao mesmo tempo em que faziam o jogo bruto − como na eleição para a Mesa da Assembleia, onde impuseram a primeira grande derrota ao governo recém-empossado, − ofereciam seus conselhos contra o “radicalismo” dos enfrentamentos que marcaram o governo de Ricardo Coutinho.
Só que esses “enfrentamentos” eram resultado do esforço de RC para livrar o governo do estado da captura dessas famílias, cujos interesses e privilégios estavam incrustados nos vários setores da administração pública paraibana.
Como Ricardo Coutinho se mostrou inflexível nesse campo foi tachado de “radical” e “ditador” − ora, como governar para a maioria e em função de um projeto de desenvolvimento para toda a Paraíba, e num estado tão pobre, acomodando interesses contrários, onde muitos poucos se apropriavam de uma imensa fatia do orçamento, que fazia falta para o que realmente interessava a maioria?
Notem: quem trata RC com essas expressões normalmente teve algum desses interesses contrariados no governo do estado − ou, sendo um jovem “jornalista”, serve ao outro projeto político que deseja restabelecê-los.
Nilvan Ferreira
O apresentador de TV, radialista e ex-empresário do comércio de roupas de grifes falsificadas, Nilvan Ferreira, postou um vídeo em suas redes sociais em que tenta reduzir o SOS Monteiro a um ato em defesa do “Lula Livre”, mesmo depois da negativa do presidente estadual do PT, Jackson Macedo, dizer que o SOS Monteiro nada tem a ver com uma bandeira que é, não apenas do PT, mas de vários outros partidos, personalidades, movimentos sociais e cidadãos comuns, inclusive este que vos escreve.
A atitude de Nilvan Ferreira é o que se pode chamar de diversionista (vou usar o dicionário para explicar a Nilvan o que é “diversionismo”: “estratagema usado em assembleias para impedir que se discuta ou se aprove algo, ocupando todo o tempo ou desviando-se a atenção dos participantes para assunto diferente do que está sendo tratado.”
É isso que Nilvan e muitos outros jornalistas de menor expressão – mas em busca de notoriedade e ansiosos para servir seus patrões, – estão fazendo nesse momento para esvaziar o SOS Transposição. Por que demonstram tanta preocupação, a ponto de tentarem criar situações com o objetivo de impedir que o ato seja vitorioso. O que eles temem?
Porque, com esse tipo de tentativa, as águas não voltam a correr pelos canais da Transposição nem os reservatórios do Cariri voltam a se encher, alguns já à beira de um colapso – aliás, Monteiro já está vivendo sob o racionamento d’água.
Além do mais, mostram que entre a atitude de Bolsonaro de fechar os canais que abasteciam a Paraíba com as águas da Transposição e o povo que necessita dessa água, eles preferem defender Bolsonaro.
No caso de Nilvan Ferreira, vários interesses confluem numa só direção, que denunciam seu gesto: em primeiro lugar, ele é um dos tantos jornalistas bolsonaristas paraibanos – a tal ponto que Nilvan Ferreira foi convidado a se filiar ao PSL.
Além disso, Nilvan é conhecido por suas ligações com os governadores de plantão. Com exceção de Ricardo Coutinho, a quem se acostumou a atacar dia sim e outro também. Foi por conta dessas ligações que Nilvan Ferreira foi desmoralizado no ar, sem dizer um pio, pelo ex-governador Cássio Cunha Lima, durante uma entrevista para a rádio Arapuã, em 2010.
Nilvan era, até vir para João Pessoa um obscuro radialista de Cajazeiras, só conhecido na chamada “terra do Padre Rolim”. Durante uma entrevista, Cássio ficou incomodado com o tom ácido que Nilvan nunca tinha exibido enquanto o ex-governador se manteve no cargo. Nilvan dava mostras de que agora servia ao governador da vez, José Maranhão, então candidato à reeleição.
Furioso, Cássio disse com todas as letras que Nilvan estava a cuspir no prato que comeu, porque fora Cássio, como governador, quem havia trazido o radialista de Cajazeiras para João Pessoa.
Esse evento, por si só, mostra a quem serve certos tipos de jornalistas na Paraíba, e só em pouquíssimos casos, eles se confundem com os interesses da sociedade.
Finalizo com a lembrança que Tião Lucena fez em seu blog essa semana, quando lembrou as origens de Nilvan Ferreira: “Nascido e criado no sertão, o radialista Nilvan Ferreira conheceu a seca e a sede. Mas esqueceu o sofrimento depois que ficou rico. Tanto esqueceu que se transformou no maior inimigo do SOS Transposição”.
Isso resume mais essa entre tantas metamorfoses.
Mais tarde eu voltou para comentar mais duas pérolas do nosso jornalismo, candidatíssimos a porta-voz de João Azevedo: Nonato Guedes e Sony Lacerda.
Fonte: Leia Flávio Lúcio
Créditos: Flávio Lúcio