Variação

Juros do cheque especial recua e do cartão de crédito sobe

As taxas de juros médias cobradas pelas instituições financeiras no cheque especial recuaram em julho, enquanto os valores do cartão de crédito rotativo registraram pequena alta no período, segundo informações divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta quarta-feira (28). Em ambos os casos, os juros continuaram acima da marca de 300% ao ano.

  • O juro médio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas subiu de 299,8% ao ano, em maio, para 300,1% ao ano, em junho deste ano. No primeiro semestre, o crescimento foi de 14,7 pontos percentuais, pois a taxa estava em 285,4% ao ano no fim de 2018.
  • Já a taxa média do cheque especial, de acordo com a instituição, avançou de 322,9% em junho para 318,7% em julho de 2019. Nos seis primeiros meses deste ano, a alta foi de 6,1 pontos percentuais – pois somava 312,6% ao ano no fim de 2018.

O comportamento dos juros bancários em julho, e na parcial do ano, acontece em um ambiente de estabilidade da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para controlar a inflação. Essa taxa caiu de 6,5% para 6% ao ano no fim de julho, com impacto de agosto em diante.

Ao mesmo tempo, o crescimento das taxas cobradas pelos bancos foi registrado em um ambiente de inadimplência relativamente estável. A taxa geral de inadimplência para pessoas físicas e para as empresas somou 4% em julho, contra 3,8% em junho e no fim do ano passado.

Linhas de crédito caras

O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da sua fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.

Para usar o crédito rotativo, o consumidor paga qualquer valor entre o mínimo e total da fatura. O restante é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com juros.

O cheque especial é uma linha emergencial que permite ao correntista gastar um certo limite definido pelo banco, mesmo que ele não tenha dinheiro na conta.

A recomendação de especialistas é de que os clientes evitem essas linhas de crédito ou as utilizem por um período muito curto de tempo, pois as taxas de juros cobradas são extremamente elevadas.

A recomendação é que os clientes substituam essas modalidades por linhas mais baratas, como, por exemplo, o crédito consignado, em que as prestações do empréstimo são descontadas da folha de pagamentos.

Juros bancários médios

De acordo com o BC, houve pequena queda nos juros médios das instituições com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) de junho para julho. Entretanto, a taxa avançou na parcial dos sete primeiros meses deste ano:

  • a taxa média total (pessoa física e jurídica) passou de 38,3% ao ano, em junho, para 38% ao ano em julho. Na parcial do ano, avançou 2,4 pontos percentuais, pois estava em 35,6% ao ano no fim de 2018;
  • os juros nas operações com pessoas físicas passaram de 53,2% ao ano, em junho, para 52,2% ao ano, em julho. Nos sete primeiros meses do ano, subiu 3,3 pontos percentuais, pois somava 48,9% ao ano no fechamento de 2018;
  • a taxa cobrada das empresas subiu de 18,7% ao ano, em junho, para 19,2% ao ano, em julho. Na parcial deste ano, subiu 0,4 ponto percentual, pois estava em 18,8% ao ano no fim de 2018.

Spread bancário

O chamado spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes) apresentou pequena alta em julho.

No caso das operações com pessoas físicas e com empresas, o spread passou de 31,5 pontos percentuais, em junho, para 31,6 pontos em julho deste ano. Nas operações com pessoas físicas, passou de 46,2 pontos para 45,7 pontos nessa comparação. Com isso, o spread bancário segue em patamar elevado para padrões internacionais.

O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.

Juros bancários elevados

Juros bancários elevados inibem o consumo e também os investimentos na economia brasileira. Esse é um dos problemas, segundo economistas, a serem enfrentados pela gestão do presidente Jair Bolsonaro.
Dados do BC mostram que os cinco maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2018, 84,8% do mercado de crédito. Esse cálculo inclui os bancos comerciais, os múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas.

No ano passado, a rentabilidade dos bancos brasileiros ficou no maior patamar em sete anos e o lucro líquido dos bancos somou R$ 98,5 bilhões, recorde da série histórica que começa em 1994.

O economista Roberto Campos Neto, antes de ter seu nome aprovado para comandar o Banco Central, avaliou que o sistema bancário brasileiro não é mais concentrado do que em outras economias desenvolvidas e disse que atuará fortemente para reduzir o spread e os juros bancários.

Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba