Em uma de suas edições mais politizadas, o 47º Festival de Cinema de Gramado, no Rio Grande do Sul, foi marcado por protestos contra o desmonte para as políticas do setor e a censura promovida pelo governo Jair Bolsonaro e por agressões de artistas que protestaram no tapete vermelho.
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O longa cearense “Pacarrete” saiu consagrado do 47º Festival de Gramado , levando oito troféus, incluindo os de melhor filme (tanto pelo júri quanto pelo público), atriz (Marcélia Cartaxo), direção e roteiro (Allan Deberton).
“Enquanto nossos corações se abalam porque tem um vilão aí querendo nos destruir, permanecemos unidos. Mesmo sendo recebidos a gelo, nossa a energia continua. Esse filme de terror vai ter um final feliz. Esse vilão vai ser vencido. Menos Bolsonaros, mais Pacarretes”, disse o diretor do filme, Allan Deberton, ao receber o prêmio de melhor filme.
Deberton se referiu às agressões sofridas por artistas que foram agredidos por bolsonaristas que atiraram pedras de gelo e comida durante protesto na chegada ao evento.
“Eu estava com minha filha no colo, que não tem nem 2 anos. Quando mostrei minha câmera, ele (o agressor) se escondeu. Faço um apelo: sejam simpatizantes (de Bolsonaro), mas não recorram à barbárie”, disse Emiliano Cunha, diretor de “Raia 4”, eleito o melhor filme pela crítica, que foi vítima das agressões.
Mulheres
“Dedico o prêmio a Pacarrete, mulher, artista e exemplo de resistência. Todo artista precisa resistir. Viva o cinema brasileiro. Aceitamos ajuda internacional: salve a Amazônia”, afirmou Marcélia Cartaxo, eleita melhor atriz por “Pacarrete”.
“Pacarrete” é inspirado na história real de uma mulher de Russas, no interior do Ceará. Bailarina e ex-professora, a personagem sonha em se apresentar na festa da cidade. Com voz estridente, grita frases desconexas pelas ruas — e é simplesmente tachada de louca pelos moradores.
“Por uma arte livre e sem censura! Foi com estas palavras que um grupo de artistas ingressou no tapete vermelho do Festival de Cinema de Gramado. Os protestos contra a política cultural de Bolsonaro, cuja marca é a censura, demonstraram que o cinema brasileiro não irá se calar”, relatou em seu Twitter, a deputada estadual Luciana Genro (PSol-RS).
Fonte: Revista Fórum
Créditos: Redação Revista Fórum