O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, completa sete meses, neste domingo (25). Em uma operação que já dura 213 dias, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais trabalha sete dias por semana para tentar encontrar os corpos das 22 pessoas que continuam desaparecidas.
Atualmente, uma média de 150 agentes vão a campo diariamente para vasculhar os 10 milhões de métricos cúbicos de rejeito de mineração que foram despejados na área. O tenente Herman Ameno explica que não há prazo para que o trabalho seja concluído.
— Nossa previsão é trabalhar na área até que a última família consiga encerrar o seu ciclo.
Embora a quantidade de rejeitos despejados em Brumadinho seja quatro vezes menor do que o registrado no rompimento da barragem da Samarco, em novembro de 2015, em Mariana, a operação de busca na tragédia mais recente já é quatro vezes mais longa.
Tenente Herman explica que a quantidade de pessoas atingidas é um dos fatores que justificam o tempo gasto. O estouro em Brumadinho aconteceu às 12h28 de uma sexta-feira, quando dezenas de funcionários da mineradora Vale estavam em horário de almoço, em um refeitório que ficava na rota da lama. Outra diferença entre as duas tragédias é em relação ao solo da área atingida.
— Em Mariana a lama percorreu um terreno que era mais plano, então a profundidade em que as vítimas ficaram era menor. Lá morreram 19 pessoas, enquanto em Brumadinho são 270 vítimas.
O militar conta que, agora, entre os principais espaços de buscas, estão as regiões mais úmidas, que são cortadas por cursos d’água. Com ajuda de cerca de 150 máquinas pesadas, as equipes levam a lama para outros espaços e secam o material na tentativa de encontrar mais vítimas. A última a ser identificada pelos peritos da Polícia Civil foi o ex-operário da Vale, Evandro Luiz dos Santos, de 50 anos, no dia seis de julho.
Homenagens e Justiça
Desde o rompimento, familiares das vítimas e moradores de Brumadinho se reúnem todos os dias 25 na cidade para homenagear os atingidos pela lama e cobrar a responsabilização dos culpados pela tragédia.
Uma força-tarefa formada pelas Polícias Civil e Federal e pelos Ministérios Públicos de Minas Gerais e Federal investigam quem são os responsáveis pelo rompimento. O caso também foi discutido em CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) formadas na Câmara de Deputados, no Senado, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e na Câmara Municipal de Belo Horizonte.
As comissões não têm poder judicial, mas os relatórios produzidos pelos legisladores são encaminhados ao MP, que pode aceitar ou não as sugestões do trabalho.
O grupo montado no Senado Federal apresentou suas conclusões no dia dois de julho, em um relatório com quase 400 páginas. No documento, os parlamentares sugeriram o indiciamento por homicídio culposo de 14 funcionários da Vale da Tüv Süd, empresa alemã que atestou a segurança da barragem.
Já no dia 20 de agosto, a Câmara de BH, que investigou as consequências do desastre na região metropolitana, concluiu que se a Vale não realizar obras de intervenção, as cidades do entorno da capital podem sofrer uma crise hídrica. Para solucionar o problema, a mineradora se comprometeu a construir uma nova estação de captação de água.
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