solidariedade

Mulher oferece faxina em troca de prato de comida e recebe respostas surpreendentes: "Uns me mandaram ir para a zona, mas muita gente tentou ajudar"

Em momento de desespero, sem emprego fixo e com a despensa de casa vazia, a diarista Ana Paula Oliveira, de 37 anos, apelou para uma estratégia extrema: postou um anúncio nas redes sociais oferecendo serviço de faxina em troca de uma refeição! Só que ganhou muito mais do que isso: a solidariedade. A publicação comoveu muita gente e Ana Paula recebeu propostas de serviço, doações e até mesmo ajuda para buscar uma recolocação profissional.
“Foi surpreendente. Postei com a ideia de que uma pessoa ou outra mais próxima me oferecesse a faxina em troca da refeição para me ajudar, mas muita gente me procurou. Não esperava. Algumas pessoas perguntaram: ‘Onde você mora? Quero te ajudar. Vou levar algo para você.’ Outros perguntaram quanto era minha faxina, dizendo que pagariam o valor para mim”, relata.

E as boas notícias não pararam por aí. “Teve uma comerciante que trabalha com roupas que me ofereceu ajuda com os looks para me dar melhor nas entrevistas de emprego. Uma designer repaginou meu currículo. É também por ações como essa que ainda acredito na solidariedade das pessoas”, afirma a moradora do Bairro Esplanada, na Região Leste de Belo Horizonte.

É claro que também apareceu quem criticasse a iniciativa de Ana Paula: “Foi uma minoria. Teve gente dizendo que era para eu vender meu celular, ir para a zona… Outros disseram que eu estava era querendo aparecer, mas não me abalo com isso”, acrescentou.

Sempre com alto-astral e um sorriso no rosto, Ana Paula vibra com a nova fase. “Hoje estou feliz demais. Estou com alimentos na despensa em casa. Já tenho faxina hoje no Bairro Bonfim e agendada para amanhã e sábado”, destaca, em situação bem diferente da vivida até a pouco tempo.

“Trabalhei em escritório e com telemarketing, mas depois que perdi o emprego tive que me virar. Cheguei a tentar trabalhar como ambulante em dia de jogo de futebol aqui em BH. Peguei água gelada, paçoca, outros doces em consignação. Até comprei um carrinho. Mas, logo no primeiro dia, a prefeitura apreendeu minha mercadoria”, relembra.

Com ensino médio completo e curso de informática, Ana Paula diz não precisar de muito para seguir bem: “Se tivesse três faxinas por semana, já me garantiria”, afirma, antes de completar que seu sonho é voltar a ter um emprego fixo, o que pode acontecer em breve, afinal, passou por concurso das prefeituras de Lagoa Santa (cargo de secretária) e Santa Luzia (auxiliar de secretaria). “Graças a Deus, fui aprovada. Está andando. Eles já estão chamando. Estou otimista. Conquistar meu próprio dinheiro dá prazer”, finaliza.

Comovidas com a história de Ana Paula, um grupo de mulheres criou uma rede de solidariedade para quem quiser ajudar. Doações de alimentos podem ser entregues no Brechó Cadê Tereza, na Savassi (Rua Tomé de Souza, 821).

Fonte: EM
Créditos: EM