Deus nos perdoe por linkar uma coisas dessas, mas o texto na íntegra está aqui.
O texto revelador do autor, cujo nome é Oswaldo Eustáquio, já começa com um abre forte. “A trilha do Hacker do Intercept Brasil nos levou ao inferno do The Intercept Brasil, a parte mais obscura da internet, mesmo local onde terroristas nesta semana ameaçaram de morte o presidente Jair Bolsonaro e a Ministra Damares Alves”. Nesse momento, você já deve estar sofrendo palpitações intensas no peito, visto que parece que Oswaldo acabou de adentrar o quinto círculo do inferno frequentado por criminosos habilidosos e qualquer um que seja afiliado ao PSOL.
Oswaldo é um mago das palavras, por isso continua trazendo impacto para o leitor. “Mais do que isso, fizemos a trilha. Uma fonte que não será revelada neste momento nos deu o mapa e os caminhos percorridos pelo hacker do Intercept e vamos mostrar passo a passo para você”. Vamos ignorar que a fonte secreta talvez seja o próprio autor do texto efetuando tarefas simples como baixar o Tor browser, copiar o link supersecreto do Intercept (que está disponível no site deles na surface web) e entrar no SecureDrop, uma ferramenta super comum para enviar arquivos sem precisar se identificar.
Voltando ao texto, a exposição de todo o passo-a-passo que Oswaldo fez, convenhamos, é chatíssima. Portanto, é até compreensível a necessidade em falar que foi uma fonte secreta responsável pela revelação do “inferno” do Intercept. Dá mais emoção. Talvez ele possa ter recebido isso mesmo anonimamente. Afinal de contas, entrar na deep web não exige muita coisa de você. Vamos até adicionar uma etapa extra e dizer que talvez a fonte secreta de Oswaldo ou ele mesmo usaram um VPN hospedado no Panamá para não serem identificados no lado mais obscuro da internet.
O texto segue afirmando que Glenn Greenwald mantém um manual para cometer crimes de vazamento e que o Hacker do Interceptprovavelmente realizou o mesmo caminho periculoso para enviar todos os dados vazados do homem com o pior gosto para óculos no mundo, Deltan Dallagnol, ao veículo. Não muito tempo atrás, foi o autor desse mesmo texto responsável pela bombástica gravação da redação do Intercept em uma Starbucks de São Paulo discutindo em voz alta sobre a adulteração de mensagens do promotor supostamente feita pelo Glenn Greenwald e a existência de um hacker que supostamente não veio encontrar a redação naquele dia. Inclusive, esse áudio gravado por Oswaldo foi mencionado em uma entrevista concedida por ele na Jovem Pan, onde nos primeiros minutos o apresentador chama a redação do Intercept de “descolada” porque estava em uma Starbucks. Se o Hacker do Intercept conhece a redação ao vivo a ponto de talvez ir encontrá-los em uma reunião de pauta, por que ele usaria a deep web pra enviar tudo isso sendo que ele poderia entregar em um pen drive criptografado? Pra quê, afinal, ter um hacker se você está adulterando mensagens?
Mas para Oswaldo, perguntas mundanas como estas não podem nos distrair de que ele acredita que Greenwald passou tanto tempo impune ao deixar um canal aberto na deep web para hackers do mundo todo cometerem crimes e invasões. Sua descrição sobre a deep web, aliás, é exatamente a descrição feita por uma pessoa que nunca entrou na deep web: “um ambiente hostil, pirata, a Deep Web, mesmo ambiente onde reina a pedofilia, venda ilegal de armas de fogo e os crimes mais bizarros da história da humanidade”.