A história parece se repetir e cada vez mais a classe jornalística em todo país vem sendo pressionada – seja por pessoas ou órgãos interessados, seja pelas próprias empresas para quem o profissional presta serviço – e vez por outra um jornalista é levado a guilhotina! Então não evoluímos em nada ao longo desse tempo?
Fica no entanto uma dúvida: afinal de quem é a culpa pela inquisição instaurada e enraizada no meio? Sabemos que uma empresa de comunicação, como qualquer outra e de diferente segmento sempre foi feita de profissionais que dependem dos seus empregos para manter-se ou manter suas famílias e isso tem – de certa forma – impedido que se exerça com isenção o trabalho de cada um. No entanto é sabido, também, que muitos profissionais não aceitam serem submetidos e fazem o enfrentamento que os tornam dignos da profissão que abraçaram!
A perseguição a jornalistas já é praticada desde a muito e sempre existiram perseguidos e perseguidores (mais perseguidores, é claro), mas, diferente de quem se sente na obrigação de fazer um bom jornalismo, existe aquele que faz questão de manter a subserviência, a ponto de procurar sempre publicar aquilo que sabe, agradará ao chefe pau-mandado e as organizações que o mantêm pendurado no cargo de chefia.
A verdade é que, apesar de os tempos serem outros, onde muitas empresas preferem flexibilizar seu quadro funcional – onde emissoras de rádio ou televisão, negociam horários, – o que por muitas vezes chega até a comprometer a qualidade profissional e a própria informação, outros órgãos de imprensa mantêm seus profissionais com todos os direitos e deveres mantidos, mas que mantêm, também, a navalha de corte sempre afiada para fazerem prevalecer seus interesses e suas próprias verdades! E aí, por vezes o profissional tem de rezar na mesma cartilha do patrão para manter o seu emprego. O que é lamentável, uma vez que essa não deveria ser a tônica para uma nova era, em pleno século XXI, com o avanço tecnológico, redes sociais e tudo o mais em ebulição!
Essa condição, no entanto, vem preocupando quem realmente tem compromisso com a informação. Os bons jornalistas estão desaparecendo? Estão morrendo e surgindo outros não tão comprometidos quanto? Não acredito muito nesses questionamentos! O que pode estar ocorrendo é a manutenção de pessoas erradas em cargos de chefia, os quais deveriam ser ocupados por jornalistas sérios! A verdade é que mudam os tempos, mas não mudam as cabeças dos donos de veículos de imprensa, em sua maioria, sempre nas mãos de políticos ou empresários preocupados em manter-se ao lado do poder, empilhando dinheiro!
Mas verdade seja dita, nunca se perseguiu e puniu tantos profissionais, por estarem do lado da verdade, quanto nesse 2019. Então louvemos a imprensa corajosa, que não temendo as pressões de poderosos, tem enfrentado todas as ameaças denunciando falcatruas e botando o dedo na ferida derrubando medalhões que jamais imaginaram serem confrontados! Desenvolve-se nos dias de hoje uma luta desigual, mas ao mesmo tempo, clara de quem é quem nesse jogo.
O que nos leva a chegar a tal conclusão, são as demissões, ameaças e até punições impostas a renomados jornalistas por terem exposto suas opiniões em relação aos fatos. Então o jornalismo opinativo pode estar com os seus dias contados? Expor um ponto de vista sobre um assunto que mexa com os interesses de grupos ou determinadas personalidades, em alguns veículos pode ser um forte motivo para uma advertência ou até mesmo para uma demissão!
Foi o que ocorreu com a jornalista Verônica Guerra, do Sistema Correio, quando polemizou ao falar sobre a morte dos oito suspeitos de matar um policial militar, em Pernambuco. Ela disse que ficou chocada com as cenas e que a PM tratou de forma desrespeitosa os corpos dos suspeitos. Verônica acabou por receber uma suspensão de dois dias. “São tempos tristes esses que vivemos em que um jornalista não pode emitir uma opinião”. Disse a jornalista Claudia Carvalho lamentando os tempos sombrios para os quais parece estarmos voltando!
Em seu artigo aqui mesmo no Polêmica Paraíba, Claudia acrescentou: “a censura a Verônica é, na verdade, um sinal inconteste de que o jornalismo vive um momento de patrulha, de um monitoramento que nada tem de saudável. Discordar da jornalista é totalmente aceitável, mas puni-la por dar uma opinião é vexatório”.
Antes desse fato registrado aqui, outros jornalistas a nível de Brasil, foram destaque em todo o país, como o caso de Paulo Henrique Amorim, afastado do programa Domingo Espetacular, o qual comandava já por cerca de 14 anos, Marco Antonio Villa, da Jovem Pan, da paraibana Sherazade no SBT e as ameaças ao jornalista Glen Greenwald, do site The Intercept que vem expondo e escancarando os escândalos envolvendo os diálogos de bastidores entre o ex-juiz e agora ministro da Justiça, Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato, com destaque para Deltan Dalangnol! Glen está ameaçado e até a sua família está correndo riscos por Greenwald denunciar toda a sujeira. Se não existem verdades nas denúncias, então por que as pressões?
Os fatos vão se registrando e as personalidades, também, vão se revelando! Se o fantasma da censura no Brasil, parecia definitivamente afastado, só que não! Ele está voltando mais pavoroso do que nunca e fazendo suas vítimas por ai a fora! Não devia ser assim, mas se não podemos confiar na independência das nossas empresas de comunicação, cada dia mais envolvidas com o poder, esquecendo do seu verdadeiro compromisso para com a informação, então que nos salve a internet abrindo cada vez mais o seu vasto território para quem quiser expressar a verdade, desbravando áreas e travando um outro feroz combate, nessa guerra contra as fake News!
Se a internet é um campo duvidoso e pode colocar no mesmo balaio jornalistas de formação e neo jornalistas de oportunidades ou de opiniões questionáveis, ai já é um novo gargalo! Nesse caso que entrem em cena sindicatos e associações de imprensa, que façam o seu trabalho e cumpram sua missão!
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Francisco Aírton