Cordeiro disse que o absorvente íntimo masculino é similar ao feminino (tipo O.B.), só que mais fino (3 cm de comprimento e 2 cm de espessura). Seria feito de algodão, esponja, lencinho umedecido e plástico.
Para usá-lo, o homem deve acoplar o absorvente na cabeça do pênis, próximo ao canal da uretra. O absorvente fica “preso” pelo prepúcio, que é a camada de pele retrátil do pênis. O produto deve ser retirado na hora de urinar e deve descartado após três idas ao banheiro, segundo o inventor.
Não serve para quem fez a cirurgia de fimose, também chamada de circuncisão ou postectomia, cujo objetivo é retirar o excesso de pele do pênis.
Para Cordeiro, a patente valeria cerca de US$ 10 milhões (cerca de R$ 38,3 milhões). Produzido em larga escala, o absorvente íntimo masculino poderia ser vendido, segundo seus cálculos, por R$ 3 (pacote com 30 unidades).
“Sempre ficam resíduos de urina na cueca”
“Todo homem do mundo faz xixi e sacode. Mas sempre ficam resquícios de urina que acabam pingando na roupa, o que causa mau cheiro. Foi pensando nisso que desenvolvi o produto, que é super confortável e não incomoda em nada”, afirmou.
Ex-jogador de futebol profissional, Cordeiro disse que atuou como centroavante em times de 3ª e 4ª divisões de Portugal e Holanda entre 2010 e 2014. Aposentado dos campos, hoje ele trabalha como vigilante de carro-forte em Belém (PA).
Sociedade Brasileira de Urologia não recomenda
O médico Carlos Sacomani, urologista e coordenador-geral do Departamento de Disfunções Miccionais da Sociedade Brasileira de Urologia, disse que homens com incontinência urinária podem usar absorventes ou fraldas para adultos, produtos que já existem no mercado.
“Esse absorvente íntimo, contudo, não é uma opção, visto que não existem, até o meu conhecimento, testes realizados. Uma das dúvidas é a possibilidade de lesão do canal urinário (uretra) durante sua colocação. Outra é a possibilidade de irritação (uretrite) devido ao seu contato com as paredes da uretra (canal urinário). Além disso, o risco de infecção urinária com esse dispositivo precisa ser avaliado. Dessa forma, a Sociedade Brasileira de Urologia não recomenda seu uso”, declarou.
Registro de patente não é automático, diz INPI
Cordeiro deu entrada no pedido de patente do “Absorvente Íntimo Masculino” no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) em novembro de 2018, e agora ele procura um investidor para produzir o absorvente em larga escala e comercializá-lo por meio do licenciamento do produto ou venda da patente.
No entanto, de acordo com o INPI, receber a proteção de uma patente não é um processo automático, pois a lei determina que ele fique em sigilo por 18 meses. Nesse período, o INPI não pode ainda analisar o pedido. Após ser analisado, o pedido pode ser aprovado ou não, de acordo com requisitos para a concessão de uma patente.
Ideia é inovadora, mas deve enfrentar preconceito
José Fugice, sócio-diretor da consultoria de negócios Goakira, disse que a ideia do absorvente íntimo masculino é “diferente e inovadora”, pois há uma tendência de os homens quererem cuidar da saúde, da beleza e do bem-estar.
“Uma ideia só é boa, de fato, se for implementada com sucesso para gerar fluxo de caixa. Se não, não vale nada”, declarou.
Para Fugice, é preciso checar se haverá aceitação do mercado. “Para que o produto tenha aceitação do público, ele precisaria ser testado antes no mercado, pois há ainda muito preconceito e barreira cultural por parte dos homens”, afirmou.
Fonte: UOL
Créditos: UOL