Ronaldo parte sem concluir quatro livros

Foto: Arquivo/Jornal da Paraíba

Chorando letras: foi este o título que Ronaldo Cunha Lima escolheu para seu último soneto publicado nas páginas do JORNAL DA PARAÍBA, onde mantinha uma coluna semanal lida sempre aos domingos, no caderno Vida & Arte.

Se o poeta chorou letras nos dias que precederam sua morte, nos que sucedem são as Letras que vertem lágrimas pela perda de uma de suas maiores expressões na Paraíba.

O fôlego do homem, que não resistiu à embolia pulmonar e à perda progressiva da respiração, não correspondeu, ao fim e ao cabo, ao fôlego do poeta, que mantinha pleno vigor e atividade.

“Ronaldo era um poeta permanente”, afirma o historiador José Octávio, que havia quatro anos cuidava, em trabalho conjunto com Ronaldo Cunha Lima, da biografia que aguardava uma melhora clínica do poeta para ser lançada no dia 14 de março: data em que ambos (biógrafo e biografado) fariam aniversário.

“Ronaldo era extremamente meticuloso e retardou bastante a finalização da obra em função do material iconográfico que seria divulgado”, comentou José Octávio, um dos nomes que tiveram papel fundamental em um ambicioso projeto literário que Ronaldo Cunha Lima deixa inconcluso, com a sua morte.

Segundo Juca Pontes, que há 30 anos edita as obras de Ronaldo Cunha Lima, quatro livros nos quais Ronaldo se debruçou em seus últimos anos de vida podem ainda ser lançados postumamente: “Além da biografia assinada por José Octávio, Ronaldo deixou pronto um volume de poemas intitulado Sonetando com Drummond, que aguarda o crivo da família do escritor mineiro, um livro de ‘causos’, feito em parceria com o poeta Nivaldo Magalhães, e um álbum com fotos de Cácio Murilo, ilustrando poemas de sua autoria”, informa o editor.

Velas Enfunadas (Editora Ideia), última coletânea de poemas lançada em vida, chegou às prateleiras no final de 2010, quando um Ronaldo aparentemente bem disposto compareceria ao Solar do Conselheiro para autografar o livro, que contou com prefácio de José Nêummane Pinto e registrou a relação do poeta guarabirense com o mar: que ele conheceu quando deixou o Brejo para ganhar o Litoral, último reduto de quem também tinha um pé mergulhado nos açudes de Campina Grande.

“2011 será um ano produtivo”, comentava Ronaldo Cunha Lima ao JORNAL DA PARAÍBA em entrevista, à época do lançamento.

Ronaldo não esperava que, em 2011, a fragilidade de suas condições físicas se agravaria e, logo na primeira semana de 2012, seria internado na UTI do Hospital da Unimed, em João Pessoa.

Do Blog com JP Online