O ministro-chefe do GSI, general Augusto Heleno, chamou de “desagradável” a prisão de um militar brasileiro na Espanha por levar 39 kg de cocaína em sua mala num avião da FAB (Força Aérea Brasileira).
“Podia não ter acontecido, né? Foi uma falta de sorte acontecer exatamente na hora de um evento mundial e acaba tendo uma repercussão mundial que poderia não ter tido. Foi um fato muito desagradável para todo mundo”, disse Heleno, que desembarcou no Japão nesta quinta-feira (27) com o presidente Jair Bolsonaro (PSL)para participar da reunião de cúpula do G20.
Apesar de reconhecer uma repercussão negativa que extrapola as fronteiras nacionais, o ministro disse ainda que não acredita que isso vá mudar a imagem do Brasil perante a comunidade internacional.
“Não, acredito que o G20 seja composto pelos chefes de Estado dos 20 países economicamente mais importantes do mundo. Se mudar isso aí a imagem do Brasil por causa disso, realmente só se a gente não estivesse sabendo da quantidade de tráfico de drogas que tem no mundo. É mais uma”, disse.
Gerou preocupação ao governo brasileiro a prisão do taifeiro Manoel Silva Rodrigues em Sevilha, na quarta-feira (26). Ele fazia parte de uma tripulação que ficaria na cidade espanhola para esperar Bolsonaro voltar do Japão.
O presidente, que faria uma parada técnica em Sevilha, teve sua escala transferida para Lisboa, em Portugal, antes de chegar a Osaka. O governo nega que a prisão tenha motivado a mudança e alega “questões técnicas” como justificativa.
Questionado sobre se o episódio não demonstra uma falha de segurança, Heleno —que comanda a pasta responsável pela segurança do presidente—, disse que a fiscalização das malas e aeronaves é atribuição da FAB e diz que não há relação do fato com o gabinete que está sob seu comando, o GSI. “Não, cada um tem o seu cada qual. A revista de passageiros e de malas para os aviões da FAB são encargo da FAB que não é subordinada a mim. Então o GSI não tem nada que ver com isso, zero”, afirmou.
Apesar de não falar em falha de segurança, Heleno reconheceu que não há gente o suficiente para manter a fiscalização de forma permanente nas aeronaves. “Todo mundo tem a sua mala revistada, inclusive nós, a do presidente da República, do ajudante de ordem. Vocês têm que entender é que esse sargento era da comissaria. Ele chega muito antes, você não tem efetivo para manter todo o tempo um esquema de vigilância”, afirmou.
“Este avião não era da Presidência da República. Este avião estava a serviço de outra coisa. É oficial, tudo bem, espera-se que esse tipo de coisa não aconteça. Leiam a nota da Força Aérea. A Força Aérea diz ali que vai aperfeiçoar o seu esquema de segurança.”
Bolsonaro chegou na tarde desta quinta em Osaka demonstrando irritação e impaciência ao falar com jornalistas. Ele não quis comentar, por exemplo, detalhes do que será tratado em sua principal agenda bilateral, com o presidente americano, Donald Trump. “Se é reservada, é reservada”, disse, encerrando o tema.
O presidente não teve agenda oficial e aproveitou o dia livre para caminhar nas ruas de comércio e jantar numa churrascaria brasileira. Segundo Heleno, a opção pela comida típica nacional foi de Bolsonaro, que não gosta de comida japonesa.
Questionado sobre o motivo da irritação de Bolsonaro, Heleno disse que ele está “preocupado”, mas não detalhou os motivos. “Ele está preocupado porque tem uma série de coisas ocorrendo lá no Congresso e é lógico que ele, de longe, sempre é mais difícil de tomar conhecimento do que está acontecendo. Ele está preocupado, mas não está aborrecido não”, afirmou.
Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Folha de S. Paulo