O deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), marido do jornalista Glenn Greenwald, coautor da série de reportagens que vazou áudios atribuídos ao ministro da Justiça Sergio Moro, afirmou ter sofrido ameaças de morte por email. O conteúdo das mensagens foi revelado pelo telejornal SBT Brasil.
No email enviado ao deputado, os responsáveis pela ameaça fazem ofensas homofóbicas a David e Glenn, ameaçam a mãe do deputado, disferem ofensas racistas contra a vereadora Marielle Franco, morta em 2018, e, por fim, pedem espécie de resgate em bitcoin. Assina a mensagem o “Unidos do Realengo”.
O email começa com o criminoso chamando o casal de “bichas pedófilas desgraçadas”, seguindo com ameaças à mãe de David. O responsável pela mensagem afirma que vai contratar “um atirador de elite [para] explodir a cabeça dela”.
Ainda seguindo as ameaças, o grupo que assina o email afirma que “veja que, não deixamos nenhuma evidência forense sobre a galinha preta desossada da Marielle Franco”, em referência à vereadora assassinada a tiros em 2018.
A mensagem termina com a ordem que David e Glenn “enviem 10.000 USD em bitcoins para esta carteira. Vocês possuem até o final do mês de Junho para o pagamento!”.
Em sua conta oficial no Twitter, Glenn compartilhou a reportagem do SBT Brasil e fez comentários sobre as ameaças recebidas por seu marido. No tweet, fez menção ao ex-deputado Jean Wyllys, do qual David é suplente, que deixou o Brasil para morar na Europa após alegar receber seguidas ameaças de morte.
“Para quem é ainda cínico ou tem dúvidas sobre o porque Jean Wyllys deixou o país: esses e-mails são mais repugnantes e horríveis do que você pode imaginar: informações muito detalhadas e privadas, ameaças gráficas e grotescas. O ódio é distorcido além do que é humano”, escreveu Glenn.
O caso
As mensagens trocadas pelo Sergio Moro e Deltan Dallagnol, atual coordenador da força-tarefa, indicam que o ministro, na época juiz federal, conduziu as investigações da Lava Jato.
Moro sugeriu trocas de fases da Lava Jato e deu dicas informais a Dallagnol por mensagens do aplicativo Telegram. Os arquivos trazem históricos entre 2015 e 2017.
A Constituição de 1988 estipula que o juiz não pode ter vínculos com as partes do processo judicial. Com a parte acusadora, neste caso o MP, não deve haver troca de informações ou atuação fora das audiências.
A Lava Jato divulgou uma nota onde confirma ter sido hackeada. O comunicado, publicado na noite no domingo (9), explica que as mensagens trocadas pelo Sergio Moro e Deltan Dallagnol, atual coordenador da força-tarefa, publicadas pelo site Intercept, são frutos de uma atividade criminosa. O teor das conversas indica que o ministro, na época juiz federal, conduziu as investigações.
https://twitter.com/DanAdjuto/status/1138615826163089408
Para quem é ainda cínico ou tem dúvidas sobre o porque @jeanwyllys_real deixou o país: esses e-mails são mais repugnantes e horríveis do que você pode imaginar: informações muito detalhadas e privadas, ameaças gráficas e grotescas. O ódio é distorcido além do que é humano: https://t.co/YAFFaD439v
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) June 12, 2019
Fonte: Yahoo
Créditos: Yahoo