Na noite desta quarta-feira, não serão colocados em prática apenas os 14 dias de preparação da seleção brasileira na Granja Comary. O amistoso contra o Catar passará também uma ideia de como Neymar reagirá ao momento mais delicado de sua carreira. Enquanto nega a acusação de estupro feita por uma mulher, o atacante tem a missão de liderar tecnicamente uma equipe que se reencontra com o público brasileiro depois de 20 meses.
Atuar em casa nunca foi problema para Neymar. Ele jamais perdeu com a camisa da seleção brasileira. Foram 25 vitórias e seis empates. A questão é o abalo de sua imagem. Antes mesmo da acusação da última sexta-feira, o público parecia estar em litígio com o craque. Na chegada ao hotel, na noite de terça, Neymar foi acarinhado. Atencioso, parou para fotos e afagos.
Desde a Copa do Mundo do ano passado, quando o mundo reagiu com raiva e deboche ao que considerou excesso na tentativa de ludibriar a arbitragem com suas quedas, Neymar tem sofrido desgaste. A temporada no PSG até era promissora, com boas atuações até a lesão de janeiro, novamente no pé direito, operado em 2018.
No retorno, a agressão a um torcedor depois da final da Copa da França desencadeou uma semana difícil na Seleção. Ao chegar, foi informado por Tite que não seria mais capitão. Dias depois, ao levar uma caneta do lateral-direito Weverton, do sub-20 do Cruzeiro, convocado para reforçar treinamentos, por mais natural que fosse sua reação de atirar o garoto ao chão, esperava-se um pouco mais de carinho do ídolo com o fã companheiro.
Neymar pela Seleção, jogando no Brasil:
- 31 jogos
- 25 vitórias
- 6 empates
- 20 gols marcados
- 87% de aproveitamento dos pontos
As dores no joelho esquerdo, fruto de um movimento brusco neste mesmo treino, o deixaram de molho por dois dias. E a semana terminou com a denúncia de estupro e um vídeo postado para se defender, no qual expôs conversas e fotos íntimas da mulher. O gesto motivou duas visitas da delegacia de crimes virtuais à Granja e uma intimação de depoimento a Neymar.
O acúmulo de problemas não foi suficiente para tirar Neymar de campo – só mesmo seu joelho o parou. Em conversa franca com Tite, o atacante pediu para treinar e seu desempenho deu razões à comissão técnica para acreditar que o episódio da vida pessoal não vai interferir dentro de campo.
O amistoso desta quarta será o grande teste. Aos 27 anos, Neymar será o veterano de um ataque com Richarlison e Gabriel Jesus, ambos de 22. A referência técnica e, por isso, certamente o alvo principal dos adversários e, talvez, do público. Resta saber se com carinho.
Neymar nunca perdeu em casa pela Seleção. Dessa vez, há muito mais em jogo.
Fonte: Globo Esporte
Créditos: Globo Esporte