Os moradores do Porto do Capim, no Centro Histórico de João Pessoa, têm vivido grandes emoções nos últimos meses desde que a Prefeitura de João Pessoa (PMJP) intimou 162 famílias da Vila Nassau a deixarem as casas onde moram “de forma voluntária”, já que a gestão municipal tem um projeto de construção de um grande parque às margens do Rio Sanhauá e a área citada, localizada atrás da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), vai alojar o estacionamento do Parque Sanhauá.
Nesta semana, a secretaria de Habitação da PMJP iniciou a demolição de casas, cujos moradores se inscreveram no programa de habitação popular da Prefeitura e receberão, em breve, apartamentos no Condomínio Saturnino de Brito, próximo ao Centro da Capital. A grande novidade é que nesta sexta-feira, 31, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP) embargou a continuidade das demolições na área, já que representa o início da obra que resultará no Parque.
A Diretora Executiva do IPHAEP, Cassandra Figueiredo, disse neste sábado, 1º, que a Prefeitura de João Pessoa não tem todas as licenças necessárias para iniciar a obra. Em entrevista ao Polêmica Paraíba, Cassandra afirmou que “o Porto do Capim está dentro de uma área, do Centro Histórico, que é tombada pelo IPHAEP e pelo IPHAN, então para a realização de um projeto de construção, os órgãos responsáveis já devem ter todas as autorizações liberadas, e isso não ocorreu tendo em vista que faltava a liberação do órgão de preservação cultural.”.
Cassandra seguiu explicando que “soubemos dessa obra pela imprensa e, imediatamente, eu solicitei o projeto e eles encaminharam, mas faltavam muitas coisas e nem pudemos analisar porque faltavam complementações e eles encaminharam agora há pouco tempo e estamos analisando; de forma imediata, coloquei mais pessoas na equipe de análise, tendo em vista o impacto que é a construção no Porto do Capim, que é uma área rigorosa e precisa de muita atenção dos órgãos de preservação histórica e cultural”.
A Diretora disse ainda que “qualquer intervenção de órgão público ou setor privado sem licença tem que ser embargada, a Prefeitura se antecipou e começou sem a licença e se eu não atuasse seria prevaricar com a competência de um órgão de preservação”.
“Anteontem recebemos uma comissão do Porto do Capim, com requerimento assinado por mais de 20 entidades, denunciando a Prefeitura por iniciar uma obra irregular porque ainda não tinha um parecer nosso do IPHAEP e, diante disso, saímos a campo, e fizemos um parecer de vistoria, identificamos na hora que estava sendo feita uma intervenção, então fizemos o embargo, fomos à Procuradoria do Município e agora eles têm que suspender a obra até que a licença seja concedida”, destacou a responsável pelo Patrimônio Histórico da Paraíba.
Cassandra informou que “a interdição não tem a ver com os acordos feitos entre moradores e prefeitura, mas à licença do órgão que é necessário para qualquer ação no local”.
A Diretora pontuou ainda que não é a primeira vez que a Prefeitura de João Pessoa atrasa o envio de documentos ao Instituto. Ela lembrou que na ocasião da obra de requalificação do Parque da Lagoa também não havia parecer do IPHAEP quando a gestão apresentou o projeto à sociedade. “Nessa ocasião, pedimos o projeto da obra e colocamos todo o pessoal para analisar o projeto para ser mais rápido, porque a Prefeitura ia perder recursos, e conjuntamente com outros órgãos demos orientações de como eles poderiam fazer e foi feito, eles esperaram, não houve intervenção antes do parecer”, finalizou.
PARQUE SANHAUÁ: Moradores do Porto do Capim afirmam que a PMJP demoliu uma casa por engano
https://www.polemicaparaiba.com.br/paraiba/embargada-moradores-do-porto-do-capim-comemoram-paralisacao-de-obras-pelo-iphaep/
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba