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QUEM É O DONO DA J&F? 'Os irmãos Batista eram laranjas para classe política' - Por Júnior Gurgel

O comunicador Júnior Gurgel publicou um texto intrigante, em sua página no Facebook, no questiona quem é o dono da empresa J&F, que ficou famosa no noticiário político devido ao envolvimento em casos de corrupção. Gurgel cita os irmãos Batista e a relação com ministros do Governo Federal.

Leia o Texto:

Como prometemos, contaremos um pouco da história da Friboi, que se tornou JBS e agora é comandada pela J&F. A família Batista foi bem mais “competente” que Henry Ford, Westinghouse; John D. Rockfeller… Não precisou trapacear o Estado como os norte-americanos. Pelo contrário, teve “ajudas” inestimáveis do poder público, desde a facilitação para obter recursos para investir, até elaboração de leis especificas com o propósito de ampará-los.

Coragem e ousadia são questionáveis. Tudo foi uma questão de escolhas: “matutos” com perfis de idiotas que se encaixavam como “laranjas”, para classe política e agentes públicos corruptos. Após a vitória do médico Baiano Agnelo Queiroz para o governo do DF (2010), Júnior da Friboi ficou conhecido por toda a elite política/econômica da Capital Federal como “Novo rico”. Gastou uma fábula e elegeu o desconhecido petista.

Júnior da Friboi mandou na gestão do DF, indicando secretários e todos os cargos estratégicos do governo. Em agosto de 2013 estávamos trabalhando em Brasília. Um colega que tinha ligações com o Palácio do Buriti (sede do GDF) nos convidou para um almoço íntimo, onde estaria presente o governador Agnelo Queiroz e Júnior da Friboi. Impulsionado pela curiosidade para conhecer o novo “Midas”, topamos.

Chegamos um pouco atrasados… Mesa com cerca de 50 pessoas, governador e seu secretariado. Júnior Friboi já tinha iniciado sua conversa. Tentamos entender a linha de raciocínio. Falou muito sobre sua trajetória… O monologo era uma loucura! Frases sem concluir… Comentários aleatórios… Finalmente revelou o segredo do seu sucesso: dar razão a todo mundo (?). “Quando você começa a dar razão as pessoas, elas se sentem felizes, esta felicidade chega de volta, e você fica rico: eles também”. Andamos lendo sobre autoestima, quando esteve em moda. Mas, aqueles conceitos eram novos e absurdos. Anunciou que iria se filiar no mês seguinte ao PMDB-GO, e disputaria o governo do estado (2014). A imagem que nos veio à mente, foi a do personagem principal “Chance” do filme “Muito Além dos Jardins” (1979), última interpretação genial de Peter Sellers, com Shirley MacLaine e Melvin Douglas. Um clássico inesquecível para os cinéfilos. Os jovens que não o assistiram, recomendamos a fita; Vale a pena, e o tema é atualizado.

Em 2013 Ninguém ainda conhecia Joesley e Wesley Batista. Júnior Friboi havia vendido suas ações há 90 dias, para seus dois irmãos por 11 bilhões de reais “cash”. Uma “maracutaia”. Henrique Meirelles o queria fora da J&F e o Banco Digital que estava criando. Encontramo-nos dias depois com o ex-presidente da FIBRA – amigo das antigas – e comentamos o almoço com o “Midas” da bovinocultura. Uma estrondosa gargalhada… “Tudo lorota amigo. O pai dele, Zé Mineiro esteve na construção de Brasília, fornecendo carne para uma das Construtoras. Com o final das obras, ficou em Goiânia, vendendo em feiras livres, até encostar-se a Iris Rezende, eleito prefeito em 1965”. Não pagava impostos (o imposto sobre abate era municipal) e os políticos sempre resolveram suas broncas. Iris foi cassado em 1969. Mas, o deixou montado em um negócio que dava para sustentar a família.

Em 1983 Iris assume o governo do estado. Os Batistas começaram a crescer. Não pagavam impostos e tinham crédito farto no Banco do Estado. Forneciam aos presídios, hospitais e quartéis… Montaram um frigorífico industrial. Iris após seu mandato assume o Ministério da Agricultura do governo do José Sarney. “Mão na roda”. Começaram a disparar.

Em 1991, Iris volta a governar Goiás. A esta altura, após ocuparem terras devolutas da união, já eram criadores de médio porte e em grandes áreas. Em 1994 Íris foi para o Senado. A Friboi começou a dá seus primeiros passos. Iris foi Ministro da Justiça de FHC.

Em 1998, tentou voltar a governar o estado, mas, foi derrotado por Marconi Perillo. Em 2002 os “Friboi” se escorou em Marconi Perillo, reeleito, que teve como seu principal financiador de campanha, o “desertor” de Wall Street, bilionário Henrique Meirelles, deputado federal (PSDB) mais votado do estado com 183 mil votos, apoiado pelos “Friboi”. A porteira estava aberta… Um dos poucos meios – ainda seguro – de “lavagem de dinheiro” de políticos corruptos é através de bens semoventes (bovinocultura, Haras…).

Meirelles não assumiu seu mandato. Renunciou antes de se instalar a Legislatura e foi nomeado por Lula como Presidente do Banco Central do Brasil. PSDB no governo do PT? A intimidade dos “Friboi” com Meirelles os levou a conhecer José Dirceu, que os apresentou ao IBAMA. Segundo o Presidente da Associação de Curtidores de Couro do Goiás, a Friboi entre 2003 e 2006 comprou dezenas de frigoríficos no sul do Pará, Mato Grosso; Tocantins, que estavam fechados pelo IBAMA com multas milionárias. Os “Friboi” assumiam as multas e Zé Dirceu depois as rasgou. Meirelles começou a reestruturar o negócio e criou a JBS.

Em 2010, Meirelles deixa o Banco Central, após oito anos a sua frente, e vai “assessorar” a JBS, que engoliu os maiores frigoríficos do país. Com juros subsidiados pelo BNDES (3% ao ano), e o governo tomando na praça a 14%. Comprou a Sadia, Seara; avançaram sobre os Estados Unidos, e já com a J&F atropelaram a sesquicentenária Swift, quando se tornaram o maior frigorifico do mundo. Meirelles incriminou todos.

O BNDES comprou ações acima do preço de mercado da J&F, tornou-se sócio minoritário com assento no Conselho de Administração da J&F. Tudo estaria muito bem, se Lula não usasse seu trunfo sob a manga, e forçasse Joesley fazer a delação contra Michel Temer. Na visão do petista, era a única forma de parar a lava-jato. Vieram as prisões, solturas e neste interregno, a J&F vendeu 27% de suas ações a um investidor de um paraíso fiscal. Sem nome e rosto. Crime financeiro hediondo. Nestes 27% está Meirelles, Lula, Dirceu e suspeita-se até de Dilma. Quando isto tudo será revelado? O COAF saiu das mãos de Moro. E a CPI do BNDES foi tema de campanha de Bolsonaro, hoje está fora e esquecida pela pauta do Congresso.

O TCU tem um extenso relatório. Falta o MPF denunciar e iniciar o processo que pode repatriar centena de bilhões de dólares aos cofres públicos. A última “armação” de Júnior Friboi foi retirar sua candidatura ao governo de Goiás em 2014. Segundo turno, traiu Iris e apoiou Perillo. Em dezembro do mesmo ano, entre o dia 19 e 23, uma lei de refis feita especificamente para Friboi, foi votada e sancionada em quatro dias, reduzindo uma dívida de impostos de 1,3 bilhões, para 260 milhões, pagos em 60 parcelas.

 

*O texto não reflete, necessariamente, a opinião do Polêmica Paraíba

Fonte: Júnior Gurgel
Créditos: Júnior Gurgel