O cinema paraibano tem produzido e contemplado o Brasil com produções que, se não tem surpreendido pelos resultados em premiações nos festivais dentro e fora do país, pela revelação de excelentes atores, atrizes, produtores. Foi o caso, recentemente, do filme Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, que tem conquistado prêmios e agora trouxe para o Brasil o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, na França, realizado no sábado (25), empatando com o drama francês “Les Misérables”. Aliás, esta é a primeira vez que o Brasil ganha na categoria, a terceira mais importante da competição oficial do evento francês.
Ainda no calor das comemorações, procuramos conversar com um dos atores paraibanos Buda Lira que, ao lado de Thardely Lima, Suzy Lopes, Ingrid Trigueiro, Jamila Costa e Dani Barbosa, com grande destaque o nosso cinema. Buda fala ao Polêmica Paraíba, sobre o que representa esse prêmio – não só para o cinema nacional, mas precisamente para a Paraíba – e faz questão de frisar que a premiação é o resultado de um todo, quando falamos em direção, roteiro, produção, elenco, etc. Destacou que Bacurau tem os pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles na direção e roteiro e a atriz Sonia Braga a frente do elenco que destaca nada menos que seis atores paraibanos. Ele diz ser esse, motivo de grande alegria para todos, pois trata-se de um filme escrito e dirigido e estrelado por nordestinos. “É um filme nordestino e isso está tendo uma repercussão muito grande, principalmente nesse momento de dificuldade pela falta de compreensão por parte do governo federal, das leis de incentivo, mas que reafirma a importância da história do cinema brasileiro e a necessidade que ele tem de chegar lá. O importante é que isso vai repercutir mais uma vez, mais até que o próprio Aquarius (filme em que os dois diretores foram destaque ao lado de Sonia Braga), pelo formato dele e que chega a mais pessoas” disse.
Indagado do que esse resultado representa na vida dos atores, em particular, Buda Lira diz que “um dos pontos é a expectativa. Como foram dois filmes premiados, outro filme brasileiro foi “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, dirigido por Karim Aïnouz, vencedor da mostra Um Certo Olhar. Isso dá uma força muito grande e reforça a certeza de que o cinema brasileiro está no caminho certo, desde a retomada com o incentivo de leis, principalmente nos dois governos Lula” e isso tem movimentado a economia, além do brasileiro se reconhecer nesse filme, poder pensar na sua humanidade, a sua existência, isso são duas coisas importantes e ver isso repercutir internacionalmente, é muito importante”.
Sobre as possíveis mudanças na vida dos atores participantes, Buda reforço a expectativa, “por que o que a gente está vivendo é uma situação de dificuldades, de uma vez que a Ancine possa rever a questão dos incentivos ao audiovisual de um modo geral para que atores como eu, Thardely, Dani e todos os outros, possam ter a oportunidade de trabalhar para que o cinema possa chegar até as pessoas. Então, do ponto de vista do ator isso nos dá uma injeção de ânimo”.
Na esteira das possibilidades e diante das manifestações de setores importantes do estado, legislativo, executivo, Buda Lira destacou manifestações de parlamentares como Ricardo Barbosa, Jeová Campos, dentre outros e falou de uma proposta elaborada por ele (Buda Lira) CULTURA EM DEBATE de contribuição para a cultura está sendo encaminhada a esses setores e já foram enviadas aos deputados aqui já citados, inclusive.
O documento ressalta os resultados de pesquisa realizada no campo das Políticas Públicas de Cultura no país em que apresentam índices reduzidíssimos de acesso aos meios de expressão e fruição das artes e também no número de equipamentos existentes nos municípios brasileiros cinemas, teatros, centros culturais, galerias, museus, bibliotecas, dentre outros. Consideram-se fundamentais esses dados para o diálogo que se pretende estabelecer nesse reinício das atividades do Conselho Estadual de Política Cultural e início da nova gestão da SECULTPB, e que devem nortear a atuação dos agentes culturais da sociedade civil, assim como dos gestores governamentais nas mais diferentes áreas.
Essa afirmativa parte do princípio de que o trabalho desses agentes sociais e instituições tem como foco principal alcançar os diferentes setores da sociedade, especialmente o público historicamente desassistido, que ainda não é beneficiado pelas ações culturais governamentais.
O documento propõe como retomada do diálogo no espaço institucional do Conselho Estadual de Política Cultural, importantes iniciativas como:
1. Prosseguimento do processo de análise e de aprovação do Plano Estadual de Cultura na Assembleia Legislativa do Estado.
2. Ampliação da Política dos investimentos de construção e/ou recuperação dos equipamentos de cultura nos Municípios em parceria com as Prefeituras, por meio do “Pacto Social”, implementado pelo Governo do Estado nos últimos oito anos.
3. Retomada dos editais de Incentivo à Cultura, via FIC, nesse ano de 2019, ao mesmo tempo em que se deve adequar a Lei 7.516/2003 às novas exigência de transparência nos processos de avaliação e julgamento dos projetos.
São sete importantes pontos elencados no documento onde se destaca, ainda, proposta envolvendo emissoras de TV públicas com capacidade de abrigar a difusão de conteúdos produzidos no estado micro séries e similares -, na perspectiva de se alcançar um número expressivo de pessoas. Nesse sentido, propomos a realização de editais de financiamento de obras paraibanas em parcerias com as TVs existentes no estado, uma iniciativa inédita que pode dinamizar a teledramaturgia genuinamente paraibana.
Destaca-se por último a proposta de ações em parcerias com Governos dos Estados vizinhos, na perspectiva de incrementar a circulação da produção cultural na Região Nordeste, gerando ocupação e renda para os artistas e técnicos dos estados, além do diálogo entre os processos criativos desses agentes, extremamente necessário nesse momento de derrocada da Política Pública de Cultura no plano nacional.
Fonte: Por Francisco Airton
Créditos: Por Francisco Airton