Opinião

Duas faces para uma mesma moeda: João Azevedo é a continuação de Ricardo Coutinho num projeto para a Paraíba? - por Francisco Airton

Existe um “por que” para haver preocupações em relação ao quadro que se desenha na política da Paraíba, principalmente no que tange as posições a serem assumidas pelo atual governo do Estado sem precisar seguir a cartilha do governo anterior?

Foto: governador João Azevedo e ex-governador Ricardo Coutinho (PSB)

Existe um “por que” para haver preocupações em relação ao quadro que se desenha na política da Paraíba, principalmente no que tange as posições a serem assumidas pelo atual governo do Estado sem precisar seguir a cartilha do governo anterior? Há quem diga que não! Mas o que se tem visto nos bastidores não condiz tanto assim com essa afirmativa!

Diz o ditado popular que “onde há fumaça a fogo”! Então, a fumaça acaba vazando e ai vem a pergunta que não quer calar: pode estar havendo algum estremecimento na forma de pensar entre as duas atuais maiores lideranças do estado, o governador João Azevedo e o ex-governador, Ricardo Coutinho, (acredito que este último), o mais influente político hoje, na Paraíba e ambos do PSB?

Para tentar entender o atual quadro precisamos analisar com bastante calma e frieza o que realmente poderia estar ocorrendo (ou não) entre essas lideranças, de uma vez que já é sabido da sintonia que deve e deverá sempre haver entre os dois políticos, inclusive quando a palavra chave é: futuro!

A verdade é que João e Ricardo são dois pesos pesados para as atuais decisões, bem como as futuras! Mas são lideranças com características – ao meu ver – um tanto quanto diferentes! Ricardo administrou o estado da Paraíba de uma forma contundente e decisiva, com posições que – mesmo quando deveriam ser de ponderação e até possível negociação – acabava sempre prevalecendo a proposta do então governador. Um posicionamento tido como duro, muitas vezes! E isso o levou a administrar – tanto quando prefeito de João Pessoa (por duas vezes), quanto governador da Paraíba (também por duas vezes) – com muita determinação a ponto de sair bastante fortalecido e pronto a indicar nomes e até mesmo posicionamentos de aliados!

Por sua vez, o atual governador, João Azevedo, aparenta ter uma forma de administrar, digamos, mais moderada! Tem procurado ouvir e não ser de muita imposição. Não acredito estar enganado nessa avaliação. No entanto, o governo que iniciou o mandato com 24 parlamentares – dos 36 na ALPB – viu-se de repente surpreendido por um evento que pode parecer uma acentuada mudança de ventos, quando foi anunciado nos corredores daquela Casa a criação do chamado G10 (Grupo dos 10), um movimento de parlamentares que se proclamaram independentes! O que teria levado esses deputados a tomar essa posição, quando tudo parecia estar indo de vento em popa? E a crise dentro do partido (PSB), ligeiramente abafada por lideranças mais preocupadas em não alardear tsunamis! Teria ou está tendo ai uma crise interna? O partido tem desmentido!

Há duas semanas, o estremecimento ventilado nos corredores da política, levaram a realização de uma reunião do partido com o governador e este encontro teria sido motivado principalmente, por esse redemoinho! O encontro acabou expondo alguns nomes das hostes do partido numa clara demonstração de que estaria havendo descontentamentos, o que levou a direção da Executiva Estadual do PSB, na Paraíba, a divulgar nota com a imprensa na última terça-feira (21) rebatendo declarações – por exemplo – da deputada Pollyana Dutra que afirmara estar sendo isolada pelo partido em face de não haver sido convocada para a reunião!

O que houve de fato para que fosse gerada essa insatisfação a ponto de haver, praticamente, uma divisão no grupo de apoio ao governo na Assembleia? E há quem aposte na virada (não seria bem uma virada, pois o grupo continuaria votando nas matérias do governo, só que agora, com independência. Podendo votar ou não!) Mas, acredita-se que mais dois deputados viriam a engrossar o grupo, formando assim o G12 (vi esse comentário em um artigo recente do articulista aqui mesmo do Polêmica Paraíba, Rui Galdino, o que dividiria em três blocos os 36 parlamentares na AL em alas obviamente de 12! Estaria assim, ainda mais enfraquecido politicamente o governador!

Essa situação afeta a relação entre o ex e o atual governador? Por não saber fui perguntar a um dos parlamentares membros do partido e por tanto defensor do governo e ferrenho defensor do ex-governador, Ricardo Coutinho, o deputado Jeová Campos. Ele falou da importância da reunião do partido com o governador e disse que a sua responsabilidade com a governabilidade – enquanto membro do partido do próprio governador – é maior que de qualquer outro partido. Ele descartou a possibilidade de que possa ter havido qualquer problema dentro da agremiação partidária e disse que João toca a Paraíba com um ritmo de obras e ações de forma bastante objetiva e competente, um trabalho, segundo Jeová, merecedor do reconhecimento de todo o povo da Paraíba! Rechaçou veementemente a especulação de qualquer estremecimento entre os dois líderes paraibanos, dizendo que respeita a imprensa, pois essa tem sempre o papel de especular, mas, “a integração do PSB com seus dois líderes (Ricardo e João) é uma integração histórica que será pela vida inteira e que são partes do mesmo projeto”.

Quanto as eleições em 2020, disse que é preciso discutir essa agenda. Perguntei se nas discussões do partido, o nome de Ricardo é certeza como candidato a prefeito, e ele me respondeu: “ai não posso falar por Ricardo. Ele é um quadro para ser até presidente da República, imagine então prefeito de João Pessoa, como já o foi” e assegurou que dependendo da decisão do próprio Ricardo, esse será o nome a ser apresentado nas próximas eleições.

Voltando a discussão das diferenças no modo de governar dos dois líderes, enquanto João Azevedo estava em Recife com os demais colegas governadores do Nordeste, cobrando pleitos para a Paraíba ao presidente Jair Bolsonaro (que disse certa vez que os governadores dessa região não lhe pedissem dinheiro, pois ele não era presidente do Nordeste), Ricardo Coutinho, que é presidente regional do PSB e presidente nacional da Fundação João Mangabeira, ainda quando governador, trouxe Lula e a, também, ex-presidente Dilma Roussef a Paraíba para assistirem à chegada das águas da transposição do rio São Francisco. Ricardo, ao lado de Carlos Lupi, presidente do PDT, visitaram na última quinta-feira (23) o ex-presidente Lula em Curitiba!

Por outro lado, pode até ser estratégico esse comportamento, assim, diferenciado entre as duas lideranças! Teria sido mais ao modo Ricardo, João ter fincado o pé e não comparecido ao encontro em Recife, pois manter distância do governo Bolsonaro é imprescindível ao PSB (que o diga o deputado federal Gervásio Maia – PSB-PB, que em oportunidade recente disse “O que o PSB tem a tratar com ele?”) ou agiu bem o governador pois essa foi uma oportunidade ímpar de cobrar compromissos federais para a Paraíba? Enquanto João Azevêdo, parece seguir indiferente as querelas políticas, independentemente se gosta ou não, o ex-governador Ricardo Coutinho, se mantem firme defendendo o seu posicionamento e aproveita, até, para costurar outras alianças! Só não dá para entender muito é uma aproximação com o PDT de Ciro que tem atirado para todos os lados, criticando severamente aquele de quem dizia recentemente ser amigo, o ex-presidente Lula! Mas vá procurar entender!

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Francisco Airton