Abismal diferença

Sérgio Botelho

Conversei com três das principais personagens que passam a fazer parte da história política de João Pessoa, de forma indelével: Luciano Cartaxo (PT), Nonato Bandeira (PPS) Adalberto Fulgêncio (PT) e Anselmo Castilho (PT). Foram eles, ao lado de outras figuras que no decorrer do processo eleitoral prometemos levantar os nomes, como o do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, do PP, e do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, que possibilitaram a concretização de um pacto político que embaralha completamente a disputa pela prefeitura da principal cidade paraibana.

Em Brasília, quando nos encontramos, Luciano e Anselmo chegavam de uma reunião do PT nacional, quando ficou decidido por unanimidade de sua Executiva aprovar a união entre o partido de Lula e Dilma, e o partido de Roberto Freire, o PPS, que militam em campos opostos na política nacional. Semana passada, Nonato e o vereador Bruno Farias haviam conseguido o OK de Freire. A coligação pessoense com o partido de Freire foi aprovada no PT como uma das poucas exceções no país inteiro. Ao todo, cerca de cinco municípios onde PT e PPS estarão juntos.

A decisão do PT, que pode até distender o clima com o PPS, rumo às eleições presidenciais de 2014, consolida na Paraíba uma espécie de terceira força, também no rumo das eleições majoritárias estaduais de 2014. Essa terceira força, que já prevíamos a partir da união entre PT e PP, aglutina, agora, o PPS. E, mais do que isto, a poderosa, do ponto de vista paraibano, Prefeitura da Capital, com a participação entusiasmada do bem avaliado prefeito Luciano Agra. Em Campina, já devidamente firmado, as três legendas vão de Daniela Ribeiro, que lidera as pesquisas locais.

O lançamento da chapa Luciano Cartaxo-Nonato Bandeira prenuncia a disputa em João Pessoa – me arrisco a dizer – como uma das mais renhidas de toda a sua história. Da peleja vão participar dois ex-governadores, cada um por si, nas pessoas de José Maranhão, pelo PMDB, e Cícero Lucena, pelo PSDB, este último, por duas vezes, prefeito da Capital. E, ainda, a estreante em política eleitoral, Estelizabel Bezerra, pelo PSB, apoiada pelo governador Ricardo Coutinho. Falar em favorito, num quadro destes, seria, no mínimo, precipitado.

Contudo, não pode ser entendido como precipitação afirmar que o acordo PT-PP-PPS é, de fato, a grande novidade. A chapa, como já registramos, vai ser apoiada pelo bem avaliado prefeito Luciano Agra, justamente o gestor da Prefeitura de João Pessoa, em nome da qual os candidatos vão se digladiar eleitoralmente. Assim, Luciano e Nonato ganham status de situação, com todos os prós e contras gerados a partir daí. Mas, certamente, beneficiados pela aprovação popular à gestão de Agra, aliado ao caráter do novo que a chapa efetivamente representa.

Enfim, essa novidade, para que acontecesse, foi precedida de muita conversa. E política envolve necessariamente esta parte. Justamente o que faltou ao atual governador Ricardo Coutinho que, com nítida aversão ao entendimento, foi o maior responsável pelo surgimento dessa forte terceira via na política paraibana. Nesse particular, é de se registrar a abismal diferença de atitude, no quesito capacidade de articulação e entendimento, entre Coutinho e os desprestigiados Luciano Agra, Nonato Bandeira, Roseana Meira, Alexandre Urquiza, entre outros, que, agora, conseguiram construir, junto com PP, PPS e demais, uma nova e progressiva frente política na Paraíba.