“S.O.S – Tem um louco solto no espaço”, é o nome do filme e já se vão 32 anos do seu lançamento! Comparando com um louco de helicóptero atirando em cidadãos e bandidos em favelas do Rio – e isso é bem atual – e chegamos ao entendimento de que a diferença está em que o primeiro trata-se de uma comédia gostosa e escrachada da segunda metade da década de 1980 e a bem atual, mas aparece um filme de terror, de classe C em que um louco, travestido de governador, procura cumprir a sua promessa de campanha, e em honra ao seu terrível mestre, decide acabar com o crime nas favelas!
Bem verdade que o eleitor sabia de tudo isso, pois foi avisado pelos próprios candidatos então-candidatos, mas… será que a população do Rio de Janeiro merece todas as desgraças que vem recebendo? “No último domingo o governador do Rio de Janeiro sobrevoou Angra dos Reis, de helicóptero, de onde snipers atiraram contra a população, a pretexto de combater os bandidos”. Dizia alarmado o jornalista Luis Nassif em sua coluna, afirmando com todas as letras que “Witzel é um genocida, que mais cedo ou mais tarde, será submetido a um tribunal internacional por crimes contra a humanidade. Mas, antes disso, precisa ser detido”. Em entrevista a O Globo, Wilson Witzel, admitiu que os snipers estão agindo. E há inúmeros relatos de pessoas sendo mortas por atiradores à distância. E as vítimas não são apenas suspeitos, mas cidadãos comuns.
Cresci em uma ditadura e ouvi relatos de atrocidades durante todo aqueles anos e quando jovem comecei a me posicionar contra tudo aquilo. Conseguimos derrubar a famigerada ditadura, após muita luta, e jamais imaginei que veria isso novamente e de forma ainda mais ousada e violenta, como se o país fosse terra sem dono! Nunca imaginei um governador no Brasil assumir sua sanha assassina e isso tornar-se tão natural, tão legal! Mas o que esperar de uma horda, vinda sabe-se lá de onde, que prega aos quatro cantos o “desejo insano de matar” e que afirma com convicção que a Ditaura nunca existiu e que o holocausto deve ser perdoado, embora nunca esquecido e que o Nazismo foi um movimento de esquerda e tantas outras aberrações? Matar, hoje, é imposto e é lei para os autoproclamados mocinhos! Alguém precisa dar um basta nisso! Mas apelar para quem, não é mesmo? Para o Judiciário? Para o juiz/ministro, Sergio Moro? Difícil. Está cada vez mais difícil!
O certo é que, somente o povo poderá dar um fim a essas atrocidades, quando ele acordar! No entanto, pelo andar da carruagem, esse tem sido um movimento lento e o dia parece ainda um tanto distante! Pelo que vemos, essa consciência está cada vez mais longe, de uma vez que, quanto mais desmandos, mais incentivo por parte de acéfalos que preferem um Capitão a lhes cortar orelhas num sadismo desenfreado! Já fomos bem mais decididos e conscientes dos nossos direitos! Agora, Witzel aparece em Angra dos Reis – segundo a denúncia dos jornalistas indignados – em um jogo de cena mortal, ocupando um helicóptero que dispara do alto contra casas humildes. Depois, vai comemorar seu banquete de sangue hospedando-se em um hotel de luxo com a família, ao custo de R$ 1.600 (mil e seiscentos reais, a diária), e sem revelar quem está pagando a farra. Ir para chamada “linha de frente” contra o PCC, o governador e os corajosos snipers não se arriscam. Bem mais fácil usar negros e pobres moradores de uma favela como o exemplo. Afinal, “a carne mais barata do mercado é a carne negra” como diz Elza Soares com a sua voz rasgada e contundente que corta mais que qualquer faca!
Mas não é só o Luís Nassif o único a denunciar a ação danosa, o jornalista Reinaldo Azevedo, também, denunciou o início do parece vir a tornar-se num futuro bem próximo a um genocídio, e suas vozes foram replicadas pelas redes sociais! Ainda bem que elas (as redes) existem nos dias de hoje, pois do contrário estaríamos mais perdidos ainda! Muitas fake News ainda nos atingem vez por outra, mas não tem como essa informação ser fake, pois foi a postura assumida pelo Witzel em campanha e, agora, nas postagens em sua própria página para exibir sua valentia! É, também, como todos sabemos, um desejo externado pelo próprio Capitão, como representante maior de uma classe medíocre que gostaria de reinar absoluta nesse país passeando de tamancos e preguinhos sobre o lombo sangrando do resto da população!
Definitivamente não é essa (ou pelo menos não deve ser) a postura de um governante, independentemente da sua vontade de “combater o crime”, como alega, e sim, buscar um enfrentamento ostensivo e equilibrado, dentro da lei, aplicando medidas duras contra os “bandidos” especificamente, sem maiores prejuízos ao cidadão comum! Não me venham aqui com uma descarada desculpa de que “os fins justificam os meios”, penalizando e sacrificando ainda mais as pessoas trabalhadoras e já tão sofridas desse país!
Sei que vão dizer que eu não sou governo e que não estou na linha de frente no combate ao crime organizado e etc. Mas o grande problema desse país é a falta de punição aos criminosos de camiseta ou de colarinho branco – indistintamente – aplicando a lei e punindo exemplarmente o bandido! O cidadão comum não faz as leis. Ele (o povo) quer apenas que elas (as leis) sejam cumpridas, pois foi esse cidadão quem escolheu o seu representante legislativo e que paga os seus impostos a duras penas. Então, que os governantes entendam, de uma vez por todas, que eles foram escolhidos, mas que isto não lhes dá um salvo-conduto ou o direito de se acharem os donos do município, do estado ou do país e, principalmente, dono da vida das pessoas!
A atitude irresponsável de Wilson Witzel, ao mandar assassinar pessoas, num passeio prazeroso de helicóptero pelos céus de Angra, – independentemente de serem bandidos ou cidadãos -, é criminosa da mesma forma! O Nassif e o Reinaldo estão certíssimos! Qual a diferença entre o bandido escondido nas comunidades, para o “caçador” que pratica covardemente o tiro a raposa (ou ao pato)? Esses senhores precisam ser interditados urgentemente, antes que o povo ameaçado e acuado, resolva – ao invés de aprovar uma reforma da previdência -, decida-se por uma Reforma da Presidência!
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Francisco Airton