O jornalista Bernardo Mello Franco observa que o “tema da rejeição” ganhou destaque no governo Jair Bolsonaro. “Ao se lançar candidato, Bolsonaro disse ser um “patinho feio” na política. “Não sou um patinho feio. Sou um patinho horroroso”, corrigiu-se, quando já liderava as pesquisas”, relembra em sua coluna no jornal O Globo.
Ele ressalta, porém, que “no poder, o sentimento de rejeição costuma produzir ações de vingança. É o que se vê no governo atual, que transformou a revanche em política de Estado. Intelectuais, artistas e professores estão na mira do bolsonarismo. Viraram alvo de ameaças, perseguições e cortes de verba”.
“O governo não disfarça o objetivo. Quer retaliar a classe artística, majoritariamente contrária aos valores do presidente”, destaca. A situação também é verificada no Itamaraty, onde o chanceler Ernesto Araújo “instalou um clima de caça às bruxas. Demitiu um embaixador que criticou o seu guru e despachou desafetos para países distantes. Três ex-chanceleres foram deslocados para postos de segunda classe. O recado foi claro: quem não rezar pela cartilha bolsonarista vai para a geladeira”.
Ainda segundo o jornalista, “na Educação, a arma de revanche é a asfixia financeira. O ministro Abraham Weintraub, que se dizia perseguido por “comunistas” na Unifesp, resolveu descontar em todo o ensino superior. Anunciou um corte de 30% nas universidades que, segundo ele, promoveriam “balbúrdia” e “eventos ridículos”. Alertado para o risco de processo, ele estendeu a tesoura a todas as federais”, observa. “No governo dos rejeitados, o mau exemplo vem de cima. Desde a posse, Bolsonaro estimula a guerra ideológica contra inimigos reais e imaginários”, completa.
Fonte: Brasil 247
Créditos: Brasil 247