Monstros de alma gêmea

Paulo Santos

As alianças eleitorais não são, necessariamente, políticas. O caráter de uma difere, ás vezes, do caráter da outra. A primeira é eventual, serve para um curto período, com o objetivo de ganhar uma eleição. A segunda é permanente, sobrevive ao tempo e invariavelmente tem o valor do perfil dos seus avalistas.

A pior espécie de aliança é a meramente eleitoral, circunstancial, temporária, passageira. Em geral tem a função de ludibriar o distinto público, vendendo gato por lebre, confiando na falta de memória da população e, na maioria das vezes, impondo aos espertinhos uma derrota fragorosa.

Há quem duvide da capacidade de discernimento do eleitor. Esse tempo passou. Muitos c cidadãos e cidadãs, por conta de motivos alheios á vontade, ainda vivem à margem de todo um processo informativo, mas a maioria se informa, procura saber o que está acontecendo, acompanha os fatos passo a passo, não deixa escapar quase nada. É a melhor arma contra os espertalhões.

O pior candidato é aquele que chega ao cenário político com ares de bom moço, certinho, aparentemente correto em todas as suas afirmações e atitudes, tem sempre um conceito pronto para desbancar quem ousa infringir as regras da ética, da moral, da honestidade, da sinceridade.

A população pode até não morrer de amores pelos que costumam cometer falhas, errar em alguns pronunciamentos ou atitudes, mas esse eleitor observa se há desonestidade por trás de algum ato antes de condenar o observado. Se não há desconfianças é porque o observador sabe relevar, perdoar.

Muitas das alianças eleitorais de conveniência já resultaram, neste país, em grandes resultados. Um número de considerável e emblemático de pessoas pode usufruir, hoje, de inúmeros benefícios, tiveram suas vidas transformadas em função desses arranjos políticos. As alianças permanentes, porém, são melhores.

Os acordos extemporâneos, nascidos da mistura da fome com a vontade de comer a ingenuidade do eleitor, resultam sempre em filhotes horrorosos, monstrengos que causam repulsa naquelss que se debruçam para vê-los mais de perto, os que se dsidcam a examiná-los.

Ainda há, nos dias atuais, quem ache que pode fazer parcerias que causam náuseas na população, por crer também que esse eleitor não merece satisfações plausíveis. É o diploma de ignorante que até pouco tempo ninguém admitia que aquele ´político poderia receber. É um erro crucial vilipendiar de quem o sustenta, subestimar a capacidade de quem paga impostos altíssimos e reclama todos os dias da corrupção, da roubalheira, dos desvios de dinheiro público.

Algumas dessas alianças de conveniência nçao se importam em chafurdar na mesma lama dos que nãi têm votos mas têm a oportunidade de ficar ricos malversando as licitações. Ninguém sabe quem é o maior cínico: o que se locupleta das verbas públicas ou o que procura aquele que se locupletou.

O cínico, como o corrupto, não tem um rosto. É só um mentiroso. Os dois são semelhantes. Se nivelam e se completam. São almas gêmeas.

DEMITIDA
Está enganado quem pensa que a secretária de Educação de João Pessoa, Ariane Sá, pediu exoneração do cargo. Ela – mulher do secretário-executivo da Casa Civil do Estado, Lúcio Flávio foi, na realidade, demitida. E chorou copiosamente por ver todo seu esforço jogado na lixo de um acordo político. E saiu, segundo comentários, deixando saudade entre professores e funcionários.

CALDEIRINHA
Um passarinho que costuma bisbilhotar situações de pessoas à beira de um ataque de nervos sentiu, nesta quarta-feira (27), a anghústia de duas lideranças políticas pessoenses que desejam disputar mandatos de vereador pelo PT da Capital: a advogada Nadja Palitot e o Mestre Fuba. Ambos ex-vereadores e que pensavam em voltar à Casa Napoleão Laureano foram surpreendidos, segundo a pequena ave, com o acordo do candidato Luciano Cartaxo com dois de seus algozes no PSB: Luciano Agra e Nonato Bandeira.

WILSON FILHO
Nos ambientes onde se respira política, em João Pessoa, há quase consenso de que o pré-candidato do PMDB a prefeito da Capital, José Maranhão, não escolherá o deputado federal Wilson Filho, do seu partido, para compor chapa como vice-prefeito. A alegação é que o ex-senador Wilson Santiago não pretende perder força no Congresso Nacional.

MILANEZ
O vereador Fernando Milanez (PMDB) está indócil por causa da Medida Provisória do prefeito Luciano Agra que dispõe sobre precatórios. A MP tranca a pauta de votações na Câmara Municipal de João Pessoa, mas a transparência continua sepultada, sem que o Executivo preste informações sobre os subterrâneos do projeto.

ENERGISA
Empresários e consumidores domésticos continuam sendo tratados como ladrões pela Energisa. A empresa mineira, que monopoliza o fornecimento de energia elétrica no Estado, está enviando funcionários para investigar os clientes cujas contas diminuíram de valor em relação a meses anteriores.

EXIGÊNCIAS
Muitos peemedebistas se surpreenderam ao saber o teor das exigências do PTB para oferecer apoio à candidatura de Maranhão: Tavinho para vice, mandato de deputado federal para Armando Abílio e coligação na proporcional. Muitos concordam que o vereador Aristávora Santos seja vice, mas o resto é discutível. Se Maranhão ouvir alguns correligionários ouvirá mais sugestões.

PERGUNTAR NÃO OFENDE
O que diz o deputado federal Luiz Couto (PT) do acordo do sei ártido com o PPS? Cartas para… Deixa pra lá.