O Ministério Público no Paraná (MPPR) abriu inquérito civil público, na terça-feira (30/04/2019), para apurar o escândalo envolvendo o prefeito da cidade de Tibagi (PR), flagrado por câmera de segurança recebendo sexo oral dentro do elevador de um hotel no Distrito Federal. Rildo Emanoel Leonardi (MDB) estava com uma mulher que supostamente seria garota de programa. O caso foi revelado pelo Metrópoles e repercutiu no pequeno município de 20,5 mil habitantes.
A Promotoria de Justiça em Tibagi oficiou a Câmara Municipal e determinou prazo de 15 dias para a apresentação de uma série de documentos que comprovem a efetiva participação de Leonardi na Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, mais conhecida como Marcha dos Prefeitos, realizada entre os dias 8 e 11 de abril deste ano.
Os promotores querem ter acesso ao ato administrativo que concedeu a autorização da viagem do prefeito para o evento, além da quantidade de diárias e valores gastos por Leonardi. O inquérito civil assinado pela promotora Juliana Ribeiro Gonçalves também exige o atestado de certificação de frequência que comprove a participação do prefeito nas reuniões que motivaram a ida para a marcha.
Improbidade administrativa
O inquérito que apura o possível caso de improbidade administrativa foi lido durante a sessão ocorrida na Câmara Municipal de Tibagi na tarde dessa terça (30/04/2019). A partir de agora, a Casa tem 15 dias para enviar todos os documentos exigidos pelo Ministério Público.
Após a leitura, o presidente da Câmara, vereador José Enio (PSC), explicou aos parlamentares como ocorrerão os trâmites da apuração. “Temos até segunda-feira para que algum munícipe faça alguma denúncia na Casa”, disse.
O vereador ressaltou que, se algum cidadão não formalizar a denúncia, um vereador terá de dar entrada com a documentação necessária. “Esse parlamentar não poderá entrar na comissão. Em seguida, ela será instaurada, com presidente, relator e membro para que tomem uma decisão. Mesmo assim, haverá votação em plenário sobre o assunto”, frisou.
Transmitida ao vivo pela internet, a sessão da Câmara foi acompanhada por centenas de moradores de Tibagi, que não deixaram de se manifestarem na página por onde a transmissão foi veiculada. Eles cobravam providências da Casa em relação ao episódio envolvendo o prefeito.
Pedido de desculpas
O primeiro secretário da Câmara Municipal, vereador Gilson Roberto (PSD), recebeu ofício encaminhado pelo prefeito Rildo Leonardi. O texto também foi lido em plenário.
“Em respeito aos meus familiares, amigos e, principalmente, à população de Tibagi, peço desculpas pela disseminação de uma mídia que veicula um momento íntimo em um local privado”, disse o prefeito no documento encaminhado ao Legislativo municipal.
Ainda segundo o prefeito, ele diz “entender perfeitamente a impropriedade do local e do momento do ato”. E acrescenta: “Me penalizo por não ter sido rígido em meu controle emocional. Porém, ainda que não sirva de justificativa, ressalto a todos que, além de ser separado, não mantenho qualquer tipo de relação conjugal”.
Rildo Leonardi conclui: “Além disso, os autos veiculados ocorrem em situação absolutamente privada, em momento de folga, durante a noite, após o efetivo cumprimento de todas as minhas obrigações públicas. E, por fim, o caso não envolve qualquer pecúnia ou bem de erário municipal”.
O vídeo
As gravações nas quais aparece o prefeito mostram o momento exato em que Rildo Leonardi se relaciona com a mulher que lhe acompanha no trajeto do elevador. O flagrante ocorreu na madrugada de 4 de abril, dias antes do início oficial da Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios.
O vídeo mostra o prefeito abrindo os botões da calça e sorrindo para a garota de cabelos negros, que segura uma bolsa e um telefone celular.
A jovem se agacha enquanto acaricia o órgão genital do político. A ação cessa apenas quando as portas se abrem. O prefeito paranaense aperta as teclas do elevador para que as portas se fechassem e ele tivesse mais momentos de privacidade. Só que tudo estava sendo filmado. Depois de alguns instantes, ele abotoa a calça e os dois deixam o elevador.
Na filmagem, é possível ver com clareza a relação sexual. O Metrópoles optou por preservar a identidade da moça, uma vez que não é ela quem exerce cargo público. O ato libidinoso ocorre em área comum a mais de 200 hóspedes, em estabelecimento que reúne, além dos visitantes, moradores.
À reportagem, o prefeito de Tibagi admitiu que participou de algumas “noitadas” em boates brasilienses durante o período em que esteve na capital por ocasião da marcha. No entanto, Rildo afirmou não se recordar dos “momentos quentes” dentro do elevador.
Segundo o prefeito, a marcha ocorreu há muitos dias. “Me lembro de ter ido a algumas boates e ter bebido, mas não me recordo de sexo oral com nenhuma mulher dentro de qualquer elevador”, disse.
Facada no prefeito
Há dois anos, Rildo Leonardi se envolveu em outra confusão. Em 16 de junho de 2017, ele foi esfaqueado pela então primeira-dama de Tibagi, Andreia Barreto Lima Leonardi.
A mulher foi presa por tentativa de homicídio ao querer se vingar de uma suposta traição. O crime ocorreu por volta das 4h. O prefeito foi atingido por uma facada no braço direito. Na época, a Polícia Civil não informou as circunstâncias em que a situação ocorrera.
Leonardi foi socorrido e levado inicialmente para um hospital da cidade. Ele passou por cirurgia e retornou ao trabalho dias depois.
Pelado no corredor
Além de Rildo, outro prefeito protagonizou cenas que deixaram os hóspedes do mesmo hotel, situado no Setor Hoteleiro Sul, estarrecidos. O chefe do Executivo de um município de Rondônia foi flagrado pelas câmeras circulando completamente nu pelos corredores do hotel.
Na ocasião, o político deixou a suíte por volta das 4h e percorreu toda a extensão do corredor caminhando tranquilamente. Desorientado, ele entra no elevador social e aperta o andar térreo.
Bocejando, o prefeito olhou para as câmeras e desceu até o saguão. Ele acabou contido pelos funcionários do hotel e retornou ao elevador. O político, então, seguiu até o andar onde estava hospedado e voltou para o quarto.
No dia seguinte, ele “foi convidado” pela administração-geral a se retirar do hotel. Argumentou, aos gerentes, que havia cometido o erro de ingerir bebida alcoólica após tomar remédios para dormir. Em sua versão, relatada ao Metrópoles e confirmada por responsáveis pelo hotel, o prefeito mostrou os medicamentos. Assim, foi permitido que ficasse mais duas noites em suas acomodações.
Como nesse caso existe uma brecha para que o incidente tenha sido provocado por uma reação ao uso de remédios controlados, a reportagem optou por não revelar a identidade do político.
Farra e prostituição
Em abril de 2016, o portal publicou matéria sobre a farra dos vereadores durante os dias da Marcha em Brasília. Ao longo de duas noites, a reportagem acompanhou a aventura dos políticos de outros estados no DF.
Três endereços principais abrigaram os participantes do evento: os setores hoteleiros Sul e Norte e o Setor de Clubes Esportivos Norte. Os parlamentares não perderam tempo e se ambientaram rapidamente, em casas de massagem, bares com prostituição camuflada e prostíbulos de luxo em pleno coração da capital federal.
O detalhe nada republicano disso tudo é que a diversão dos excelentíssimos vereadores foi paga pelos municípios de origem. Somente com inscrição naquela época, os parlamentares gastaram quase R$ 700 mil. A hospedagem em hotéis luxuosos e alimentação entram nessa conta, paga pelo contribuinte.