Ninguém tem moral...

Rubens Nóbrega

A coluna de hoje seria para dizer que o PT ricardista chorou de raiva em meio a chuvas e trovoadas que desabaram sobre o cenário político de João Pessoa após a aliança celebrada entre o PT lucianista e o PPS bandeiroso.
A coluna de hoje não é mais para dizer que na banda do PPS onde a sigla se traduz em Partido dos Palacianos Socialistas foi ouvido a dezenas de quilômetros o rangido de dentes dos mais inconformados com o surpreendente acordo.
Não vou cuidar hoje da estupefação mal encenada ou da encenação mais cínica de alguns segmentos e figuras de oposição que desqualificam a recém lançada chapa PT-PPS como se eles fossem exemplo de coerência política e ideológica.
Vou nem me referir aos petistas que ajudaram a eleger Ricardo Coutinho em 2010 dividindo o mesmo palanque com os mesmos tucanos e democratas que na mesma campanha presidencial daquele ano tentavam destruir o PT e a sua candidata.
Vou nem reparar que de São Paulo a João Pessoa, passando por Brasília, “nunca antes na história deste país”, como diria o velho Lula, palavras e idéias sucumbiram tão facilmente ao pragmatismo que tomou conta do nosso carnavalizado quadro partidário.
Hoje não dá nem para constatar e registrar que as mesmas mãos que queriam afagar Luciano Agra até a manhã de ontem (e dele receber apoio) são as mesmas que já no começo da tarde apedrejavam a opção do alcaide pela candidatura do xará.
Hoje é só para dizer que deixemos de hipocrisia e reconheçamos: na velha ou na Nova Paraíba, ninguém tem moral para julgar, muito menos condenar, a decisão do PT de se enfiar no mesmo saco de farinha onde já estava guardado o PPS.
Seds defende seus números

Na coluna de sexta última (‘A vítima nº 73’), duvidei da validade dos números da violência na Paraíba divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, rebatizada há três anos para incorporar a ‘Defesa Social’ ao nome e à promessa de nova função.
Meu descrédito baseia-se em questionamento formulado por fontes da própria Polícia contra as estatísticas do órgão e se concentra no detalhe segundo a qual em sua ‘coleta’ a Seds não estaria computando as tentativas de homicídio, mesmo que viessem posteriormente a resultar na morte das vítimas.
Sobre o assunto, em resposta ou esclarecimento ao que foi publicado, recebi ontem mensagem da Assessoria de Imprensa da Seds, que competente e diligentemente defende com dados e argumentos consistentes os números adotados pelo governo para referenciar a matança em geral e de mulheres em particular, em nosso Estado.
O que diz a Secretaria
1. Todas as tentativas de homicídio ocorridas na Paraíba são registradas e contabilizadas pela Secretaria da Segurança e da Defesa Social (Seds), que hoje tem como modelo uma gestão focada em resultados e baseada na integração das forças policiais
O trabalho é realizado pela Assessoria de Ações Estratégicas, por meio de um Núcleo de Análise Criminal criado pela primeira vez na história da pasta. O setor monitora diariamente os crimes violentos letais intencionais (CVLI), como homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, assim como as tentativas de homicídio, além da ocorrência de outros tipos penais.
A metodologia é criteriosa e referenciada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), com o uso de múltiplas fontes: Polícia Militar, Polícia Civil, incluindo Instituto de Polícia Científica, Centro Integrado de Operações Policiais e Sistemas de Saúde municipais e estadual. Isso permite a credibilidade e confiabilidade dos dados coletados.
Assim, podemos afirmar que a Seds tem ciência das tentativas de homicídio ocorridas na Paraíba e as monitora, de modo que, se o homicídio se concretiza, passa a constar na lista do mês em vigor como CVLI.
O fato é que o trabalho realizado pela Seds/PB nos últimos 17 meses começa a surtir efeitos significativos e os dados apontam para uma queda no número de homicídios e crimes contra o patrimônio, contrariando um crescimento vertiginoso da violência nos últimos 11 anos.
Para se ter uma ideia do ritmo de crescimento que vinha sendo observado no Estado, desde 2003 havia um aumento médio de 12% ao ano nas taxas de homicídios. Os números saltaram de 615 em 2003 para 1.563 em 2010, ano em que ocorreu o maior acréscimo no número de assassinatos (24,9%).
Em 2011, porém, a polícia conseguiu quebrar a curva crescente de criminalidade e fechou o ano com um aumento de apenas 7.49%. Em 2012, a queda no registro desse tipo de crime é de mais de 4% (estamos no quarto mês consecutivo de queda) e a meta da Seds para este ano é a redução de 10%.
2. A equipe da Delegacia de Crimes contra a Infância e Juventude de Campina Grande está em diligência, a fim de prender o acusado de estuprar a criança de 11 anos na cidade. O delegado regional de Polícia Civil, André Rabelo, está acompanhando o caso de perto e a polícia já tem indícios sobre a autoria do crime.
3. Dadas as informações, contamos com o seu apoio para a divulgação do Disque Denúncia, serviço que atende pelo número 197. A ligação é gratuita e pode ser feita de celular ou telefone convencional, de qualquer lugar do Estado. O serviço funciona 24 horas e o denunciante não precisa se identificar.