“Já nocauteei homens no treino. Nocauteei homens que me desmereceram e acharam que estavam treinando com ninguém. A mulher de hoje é forte, fisicamente e mentalmente.” As palavras são de Norma Dumont, 28 anos, profissional de MMA, professora de sanda, arte marcial mais conhecida como boxe chinês, atleta de jiu-jítsu, dona de casa e também de academia. Essa mineira nascida em BH é a prova de que perseverança, fé e muita personalidade são fundamentais para o sucesso na vida pessoal e também no trabalho. De contrato assinado para integrar o peso pena (até 66kg) do Ultimate Fighting Championship (UFC), principal e mais valorizada organização de MMA, invicta na carreira (venceu os quatro combates que disputou), ela almeja seguir os passos de brasileiras que alcançaram o topo em diferentes modalidades esportivas. E nocautear a expressão ‘sexo frágil’.
Em meio a dificuldades da vida, ela ressurgia cada vez mais forte das batalhas diárias por apoio e reconhecimento. E ganhou o apelido de ‘Imortal’ graças a uma enorme fênix tatuada na costela esquerda. Norma divide o tempo entre a academia, o Centro de Treinamento Rules, no Bairro Planalto, em BH, onde treina com o marido e principal técnico, Johny Vieira, e dá aulas de sanda. A história de amor começou em 2011 e a união os conectou ainda mais ao MMA. “Conheci o Johny na academia de sanda, ele era o faixa-preta e eu comecei a treinar. A gente se deu muito bem de cara, ficamos amigos, logo começamos a namorar e já faz oito anos que estamos juntos. Todo o meu plano de luta é de responsabilidade dele: o jogo de quedas, trocação, tudo. Se não fosse por ele, não teria chegado ao UFC. Ele viu que as portas poderiam se abrir para mim, aí abdicou um pouco da carreira dele para me ajudar a chegar onde estou.”
Norma Dumont recebeu a equipe do Superesportes/Estado de Minas para reportagem na academia CT Rules, ao lado de sua equipe. Em um bate-papo sincero, em tom de emoção, ela revelou fatos marcantes na vida pessoal e relembrou o começo nas artes marciais, ainda na adolescência. Ambiciosa, mas com os ‘pés no chão’, a atleta pretende abrir espaço para mais mulheres brilharem no esporte, além de ser o exemplo para futuras gerações.
O começo
“Eu já sentia que poderia ser atleta. Gostava muito de filmes de lutas, jogo de lutas, brincava em casa com as irmãs (Nayane e Nayara), praticava com elas, aí com 14 anos eu comecei a lutar. Tive que parar, depois voltei apenas como atividade física. Mas fiz a primeira luta e gostei muito, a partir daí engrenei. Eu comecei a lutar sanda com a ideia de migrar para o MMA. Tanto que passei a treinar jiu-jíttsu, queria trocar porrada na grade, com luvinhas, e sabia que iria gostar daquilo. As minhas irmãs me incentivaram, elas sabiam que eu ia para esse lado desde as briguinhas na escola. Minha mãe ficou assustada desde antes que comecei no MMA, e ainda não gosta de ver luta minha, ela não consegue assistir, chora, fica no quarto esperando acabar. Ela nunca barrou essa ideia, mas pediu para que eu não lutasse. Minhas irmãs apoiaram desde o começo. Tive que muito incentivo de amigos, todos sabiam que eu gostava de luta, mas poucos pensaram que eu seria profissional de MMA. A galera apoiou, abraçou a causa.”
Fonte: UFC
Créditos: UFC